sexta-feira, maio 11, 2007

Burnout…


Nada como habituar – mal – os outros a dar resposta adequada e atempada a todas as solicitações. Graças a esta virtude, vou-me afundando em trabalho incapacitando-me de ter vida própria, passando a responder de forma automata às minhas actividades de vida diária enaltecendo essa nobre actividade que é o trabalho.
Afastei-me de tudo e todos, ou melhor, deixei de me ligar a todos aqueles cuja filiação me fazem sentir vivo. Acho que estou a entrar em burnout. Deixou de ser uma sintomatologia que apenas conheço dos livros e das teorias mas passei a integrá-la como uma sintomatologia presente e perturbadora que me impossibilita de ser quem sou, de ter vontade própria. De mandar pró caralho todos aqueles que se julgam possuir algum poderzinho, em que adoram mandar, delegar, e responsabilizar outros – EU – e de nos recordar, ocasionalmente das nossas competências e posição na hierarquia…portanto… “O trabalho tem de ser feito…”
O Burnout ou os efeitos da violência psicossocial, para outros, esclarece-se, ou melhor, define-se pela produção de um desequilíbrio entre a capacidade de trabalho e o próprio trabalho em si…
A obrigação de trabalhar sem que seja exigido um doseamento adequado é o equivalente a exigir um trabalho muscular ou de resistência acima da capacidade muscular, respiratória ou cardíaca. Conhecem-se os limites destes órgãos físicos, mas também é igualmente conhecida a limitação neurológica, com a agravante de que a reposição neuronal é ainda, nos dias de hoje, irreversível – esperamos que no futuro, estes entrem num processo de replicação sempre que precisemos…
Devia regrar-me às minhas limitações físicas e cognitivas de forma a que os padrões laborais que me regulam - ou tentam regular - não me afectem a saúde. “Saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de doença.” – OMS


Um convite de última hora…George Michael em Coimbra amanhã. E porque não?
Os bilhetes já cá cantam...

6 comentários:

João Visionário disse...

sabes que já passo por aqui faz muito tempo e alguns posts, mas sempre fui visitando com o gostinho de ser anónimo até ter lido o post que estou agora a comentar. sabes, é muito facil alguém dizer ou queixar-se daquilo que aqui falas, sendo que muitas das vezes até eu o fiz e que, tal como muitos outros, sem tanta razão como isso...
não estou, de modo algum, a querer minimizar a tua situação que nem conheço a fundo, mas revejo muito o meu namorado nela e digo-lhe várias vezes que me orgulho muito dele e de tudo o que faz. a capacidade e a vontade que tem para querer impulsionar-se sempre a fazer mais e melhor são realmente únicas e ele tem uma força e uma coragem que eu não sei se teria do mesmo modo, é uma das muitas razões para o amar tanto como amo!

força aí nisso e aprende a dizer uma vez por outra que não! sabe sempre bem dar um murro em cima da mesa e mandar tudo para o caralho... (a parte de mandar para o caralho é só para pensar, não convém levar à letra porque o chefe pode não achar muita piada ok?!)

Anónimo disse...

"De mandar pró caralho todos aqueles que se julgam possuir algum poderzinho, em que adoram mandar, delegar, e responsabilizar outros – EU"
Senti algo de estranhamente familiar nesta tua situação! Não fosse eu ter a certeza e diria que trabalhamos no mesmo sítio!?! Quando somos nós que desequilibramos a vida pessoal e profissional nesse caso podemos ser workaholic , mas quando isso resulta de imposições externas isso é claramente o que descreves - burnout! Coragem e força para seguir em frente! abraço

Anónimo disse...

O trabalho é apenas mais um dos aspectos em que nos podemos realizar especialmente quando se faz algo que se gosta que me parece ser o teu caso, contudo não podemos descuidar as outras partes que nos podem deixar preenchidos e para isso é por vezes necessário saber dizer não e impor limites no trabalho.
Fizeste muito bem em ir ver O george michael, eu não fui porque n tinha dinheiro :P é que dá ainda ser estudante, preferi a queima!

stay cool :)

Tongzhi disse...

Eu estou a conseguir gerir o trabalho muito melhor. Quando percebo que me vão fazer mais uma proposta de trabalho, começo logo a repetir para mim:

não, não, não, não...

Nem sempre resulta!!!

Anónimo disse...

Manuel
tu tens mais do que razão. Está a generalizar-se neste país, em quase todas as actividades laborais, por uma questão de redução de custos, penso, a plítica de que se alguém se vai embora, por isto ou por aquilo, os que ficam, devem ter por obrigação suprir essa falta, com yrabalho acrescido, sem a substituição de quem saíu. Isso é muito mau e resulta numa pressão enorme, em todos os sentidos, e nalgumas situações pode inclusivé, levar a sérias dificuldades de produtividade.
Enfim, a economia a servir de pretexto a um abuso de poder laboral.
Boa semana de (não demasiado) trabalho.

Luís disse...

Espero que tenha corrido bem! Pelos vistos é um momento de diversão merecido =)