domingo, dezembro 31, 2006

sábado, dezembro 30, 2006

All Good Things Come To An End

Fui ao cinema ver “Déjà vu” com Denzel Washington. Não morro de amores por ele, mas atendendo ao titulo e após ter sido convenientemente convencido por uma amiga…lá fui ao Fórum Almada. A sala estava cheia, sessão da 9h20, e ela continuava a dizer “Tas a ver a sala tá cheia porque o filme é bom…”. Ora, argumentos deste tipo, para mim, não são válidos para me convencerem de que um filme é de facto bom…deixa ver…
Após umas explosões e na antecipação de ser um filme policial com acção, depressa sou surpreendido com tecnologia demasiadamente espantosa para poder ser credível…e de facto lá está…é uma tecnologia de ponta (só na América mesmo!!!...): é uma máquina do tempo!!!! Dá para acreditar?!? Agora andam a brincar ao Júlio Verne…após esta constatação, todo o resto do filme foi altamente previsível…ninguém morreu a não ser o mau…
Para terminar o ano enfiei um barrete de filme!
A minha disposição também não tem sido das melhores, estas épocas são altamente convidativas a estados depressivos, o que me tem valido é que tenho avançado com a minha tese…sempre vou mantendo os neurónios ocupados.
Aqui fica a banda sonora da minha vida neste momento actual.
...cada vez estou mais distante de ti...

E não é que não achava muita piada à Nelly Furtado?!?!?...


"All Good Things (Come To An End)" Nelly Furtado

Honestly what will become of me
don't like reality
It's way too clear to me
But really life is daily
We are what we don't see
Missed everything daydreaming
Flames to dust
Lovers to friends

Why do all good things come to an end
Flames to dust
Lovers to friends
Why do all good things come to an end
Traveling I only stop at exits
Wondering if I'll stay
Young and restless
Living this way I stress less
I want to pull away when the dream dies
The pain sets it and I don't cry
I only feel gravity and I wonder why
Flames to dust
Lovers to friends
Why do all good things come to an end

Flames to dust
Lovers to friends
Why do all good things come to an end
come to an end come to an
Why do all good things come to end?
come to an end come to an
Why do all good things come to an end?
Well the dogs were whistling a new tune
Barking at the new moon
Hoping it would come soon so that they could
Dogs were whistling a new tune
Barking at the new moon
Hoping it would come soon so that they could
Die die die die die
Flames to dust
Lovers to friends
Why do all good things come to an end

Flames to dust
Lovers to friends
Why do all good things come to an end
come to an end come to an
Why do all good things come to end?
come to an end come to an
Why do all good things come to an end?
Well the dogs were barking at a new moon
Whistling a new tune
Hoping it would come soon
And the sun was wondering if
it should stay away for a day 'til the feeling went away
And the sky was falling on the clouds were dropping and
the rain forgot how to bring salvation
the dogs were barking at the new moon
Whistling a new tune
Hoping it would come soon so that they could die

quarta-feira, dezembro 27, 2006

Uma carta diferente para o Pai Natal…


Recebi esta mensagem neste Natal, assim como muitos de vós, e não resisti em rescrevê-la...

O Joazinho escreveu uma carta ao Pai Natal:
"Seu barrigudo cegueta do caralho, todos os anos te escrevo a pedir um carro dos bombeiros e tu só me ofereces meias e cuecas, quando passares à frente da minha casa com as renas vou-te foder todo à pedrada!"
O Pai Natal responde:
"Este Natal compenso-te: vou pôr fogo à tua casa, meu grande filho da puta, não te vão faltar carros dos bombeiros!"
Feliz Natal




- Não é uma delicia?!?...

sexta-feira, dezembro 22, 2006

Feliz Natal


terça-feira, dezembro 19, 2006

Amores com Bata Branca...


O Frágil estava a abarrotar de gente, como seria habitual a um sábado à noite. As conversas só se faziam ouvir junto aos ouvidos de cada um. Com um grupo de amigos estive de conversa banal até que tu chegaste, nunca até então nos tínhamos visto. Os nossos olhares tocaram-se instantaneamente, e tu cumprimentaste um amigo meu, que era teu colega, e aí permaneceste a conversar com ele. Fingiste que me ignoravas e eu deixei de ouvir a música para te poder contemplar. Não sabia quem eras, mas houve qualquer coisa, que ainda hoje não sei explicar que me atraiu – acho que foi aquele olhar de cabrão... Despediste-te do nosso amigo e de forma não indiferente te afastaste. O teu olhar despediu-se de mim e eu sorri.
Segunda-feira às 9h00 da manhã no bar do HSM, lá estava eu a beber o meu café duplo que me iria manter desperto durante o dia. Os livros eram a minha única companhia, esperava por um colega. Era a hora que toda gente que aqui trabalha toma o pequeno almoço. É como uma nuvem branca de gente vestida de branco e que de um momento para o outro vão chegando aos poucos: médicos, enfermeiros, estudantes e outros. Entre gargalhadas e seriedade se contam os fins-de-semana, as quezílias do serviço, as fofocas de quem viu quem e com quem, os concursos impugnados…enfim…um antro de alcoviteiras diferenciadas…Quando menos esperava, tu entraste com um grupo de gente, todos de bata branca, e o teu olhar dirigiu-se de imediato a mim. Não conseguiste esconder a surpresa e perturbação de me ver ali – quem e o quê seria eu, que na noite anterior vestia um casaco de cabedal e tinha ar de rufia, e que hoje vestia uma camisa ao xadrez e trazia um pullover pelas costas com ar de beto?... querias saber quem eu era…querias prestar atenção ao que te diziam, mas o teu olhar ora se centrava no grupo ora se fixava em mim. Encontro estranho, não?!...
Fui te seguindo com o olhar, esboçaste um sorriso subtil que só eu percebi. Fiquei quieto e olhei para o relógio. O meu colega acabou por chegar já atrasado, tive que ir. Deixei-te naquele momento mergulhado naquela nuvem de gente vestida de branco, seguiste me com o olhar, quis arrastar-te com os meus olhos…mas não consegui.
Á hora do almoço procurei em vão por ti no mesmo sítio, mas não estavas…o sábado seguinte foi nosso …
…and the rest is history…

domingo, dezembro 17, 2006

Já sou Beta...

Não, não me vesti de mulher...a loucura ainda não deu para isso...Já me converti ao Blogg Beta version. Isto porque ainda estava no formato antigo o que me impedia de fazer comentários em outros blogs Beta. Fiquei contente de inicio, uma vez que não me desconfigurou a página, a não ser alguns acentos que ainda tenho que refazer. No entanto ainda não consigo comentar nuns quantos...alguém que consiga comentar aqui e me diga o que deva fazer....Pleaaaaassseee...


PS - fui jantar ao Hotel Tivoli Tejo, 16º andar, vista previligiada sobre o Tejo, ambiente muito nice...depois conto tudo...

quinta-feira, dezembro 14, 2006

“O Natal é quando o Homem quiser”…então, acho que não me apetece Natal este ano…

A loucura já começou desde o princípio do mês. Tornou-se insuportável frequentar centros comerciais: entre o atropelo das pessoas, o histerismo, a dificuldade em estacionar – como tenho saudades dos transportes públicos…- os preços das coisas e as canções de Natal que invadem todos os espaços e que perturbam a sanidade mental de qualquer um…já estou um bocadinho farto…Os Pais Natais enforcados em todas as janelas dos meus vizinhos...estou para ver o dia em que os ladrões vestidos de Pai Natal começam a assaltar casas pelas janelas e ninguém se importa. Nunca as lojas tiveram tanto merchandising de Natal como agora: são as renas, são os anjos, são os pais natais de toda a cor e feitio, presépios de todos os tamanhos…nunca tive paciência para andar às compras, mas agora comprar prendas para meio mundo…eu devia era tirar férias para a Nova Zelândia e só regressar em meados de Janeiro…pelo menos gastava dinheiro só comigo….FORRETA!
È que para mim é uma dificuldade muito grande em comprar prendas: 1º- sou F-O-R-R-E-T-A; 2º- os perfumes são pessoais; 3º- as roupas são mais pessoais ainda…; 4º bugigangas para pôr em cima do pexixé é dinheiro mal gasto…mal gasto por existirem pexixés (que é de muito mau gosto), e mal gasto porque em cima do pexixé já deve existir alguma coisa (tipo uma boneca sevillhana...). E não me está a apetecer oferecer prendas para as pessoas guardarem e oferecerem a outros no próximo Natal…Os chocolates são de facto a solução…famosos, contribuem para a engorda, são otimos antes e depois do sexo, fazem bem aos diabetes, fazem bem ás caries da minha amiga dentista - CABRA! (por cada consulta cobra-me €50.00, e não quer ADSE, compreende-se, não?!....) - e até os amigos do Pinto da Costa comem “chocolatinhos…”. Áh!…Não me tinha ainda lembrado, ainda, do actual Best Seller português…”Eu Carolina”…- Não posso!…está esgotado.
E a mim?...o que será que o Pai Natal me vai trazer? Com tanta forretisse minha talvez não me traga nada…bem... mas se for um destes aqui de baixo…não me importo nada que venha de mãos a abanar...
Portem-se bem....mal!


sábado, dezembro 09, 2006

A Cinderela dos tempos modernos....lixou-se!!!

A bonita história da Cinderela dos tempos modernos teve outros contornos e um final diferente. A pega que andava a atacar num bar de alterne consegue seduzir um sujeito que pouco deve à inteligência, e passa de refeições de pão com margarina para caviar e champanhe ao pequeno-almoço. Ao contrário da história da Cinderela, esta gata-borralheira não conseguiu manter a farsa por muito tempo e deixou de suportar cortar os cabelos das orelhas ao sr Pinto da Costa, bem como deixou de suportar que ele se peidasse em ocasiões festivas para além do facto de ter estragado um número infindável de tesouras a cortar-lhe as unhas dos pés! – não estou a inventar! Está tudo escrito nas memórias de Carolina Salgado ex-pega e ex-amante do Sr. Pinto da Costa. Certamente que agora não tendo os rendimentos provenientes do FCP irá retomar a sua antiga profissão, que é por sinal, a mais antiga do mundo.
Não que morra de amores pelo senhor em questão mas acho execrável o facto dela neste momento estar a expor uma vida partilhada, com segredos sob formato de livro com manchetes em tudo quanto é sitio. Se ela achava tão mal que o sr Pinto da Costa convidasse árbitros para a sua casa e lhes pagava alguns favores, porquê só agora que ela trás a publico tudo isso? Mesmo que existisse amor entre os dois – que eu tenho algumas dúvidas…mas quem sou eu para duvidar do amor entre a bela e o monstro – será legitimo que após de um relacionamento terminar, descrever uma vida e tudo aquilo que se passava entre quatro paredes? Caso para dizer zangam-se as comadres descobrem-se as verdades.
Os segredos, sejam eles bons ou maus, são para se manter. Ou se fala na altura certa ou então calem-se para sempre.

Citando a Carolina…
“Nada tem de promíscuo trabalhar em bares como o Calor da Noite” - vulgo casa de putas.. “Promiscuidade é o que existe no mundo do futebol, onde é moda, fica bem e dá status ter relações extraconjugais e quase todos as têm.” – não é só no futebol, minha cara, mas compreende-se que o mundo para esta senhora seja pequenino…
“Certa noite, ao despedir-se de mim, não me deu um beijo na cara, como era usual, mas um beijo na boca [...] estava completamente apaixonada [...]” – romântico não…esperem pelos peidos!....
“Demorei uma eternidade na casa de banho a tentar evitar o inevitável [...] Ele já me esperava, pacientemente, na cama [...] E vivi uma linda e inesquecível noite de amor.” – não refere, no entanto, quanto lhe cobrou.” - A eternidade nos preparativos da casa de banho foi para tentar disfarçar a candidiase vaginal…
“Confessou-me que tinha encetado uma relação com a jornalista Maria Elisa [...] que já terminara [...] devido ao consumismo extremo de que ela padecia.” – isto é inveja da classe que a Maria Elisa tem…
“Tendo problemas de flatulência [...] de vez em quando descuidava-se [...] em cerimónias oficiais, levando-me a acender, de imediato, um cigarro para disfarçar o odor.” – Pankreoflat é a terapêutica de eleição para combater a flatulência, a alternativa mais ao alcance de todos é comer um sabonete do Boticário todos os dias pela manhã…
“Cortava-lhe as unhas dos pés e aparava-lhes os pêlos das orelhas.” – eu não disse?!?!....será que utilizava tesoura de podar o jardim?
“O Jorge Nuno (Pinto da Costa) alterou-se com o senhor Scolari ao verificar que este não cederia jamais às suas vontades.” – não diz quais eram as suas vontades…
“Sempre que [...] o Jorge Nuno (Pinto da Costa), achava que o árbitro tinha prejudicado o FCP, ligava ao senhor José António Pinto de Sousa, [...] começando por manifestar a sua indignação [...] mas acabando sempre por marcar um jantar para fazer as pazes.” – nada como um jantar de reconciliação. Que mal tem isso? Devemos ajudar o próximo, nem que seja com uma singela refeição!
“Os árbitros Martins dos Santos e Augusto Duarte, entre outros, eram visitas da casa. Eram levados pelo empresário António Araújo, bebiam café e comiam chocolatinhos.” – faltou fazer referencia a que tipos de chocolatinhos, se Mon Cheri, Ferrero Roché. Deviam ser Baccio com certeza!
“O Araújo funcionava como uma ponte entre o Jorge Nuno (Pinto da Costa), o Reinaldo e os árbitros, disponibilizando-lhes simpatias, tais como raparigas e outros bens.” - “...como raparigas e outros bens”, reparem como se comparam raparigas a mercadorias, ela é a prova viva de uma mercadoria que depressa ficou fora de prazo….

Ressabiada!!!!

sábado, dezembro 02, 2006

...tudo por causa do Protocolo...

Perdido entre livros e bibliotecas na procura de objectivar e concretizar uma investigação meramente académica e despropositada, são obrigações a que não me posso dar ao luxo de negar. Somado a esta azáfama, a aproximação de um evento em que sou obrigado a ter um papel de algum relevo, leva-me a estudar uma coisa que eu pensava que já estava muito longe de nós…portugueses…O Protocolo…
No Dicionário da Língua Portuguesa encontramos como definição o “
registo dos actos públicos na Idade Média; registo das audiências nos tribunais; formulário que regula os actos públicos; convenção internacional; registo de uma conferência ou deliberação diplomática; cerimonial, formalidades a observar nas recepções de soberanos, nas questões diplomáticas, etc.; etiqueta”. O que mais me suscitou na definição foi a referência à Idade Média…vivendo nós em tempos de modernidade ainda recorremos a modos de funcionamento arcaicos, mas que com eles vem o “politicamente correcto”. Nada em como estar numa instituição com ligações politicas, religiosas e com interesses estratégicos para ter que fazer cumprir um protocolo que me consome horas e neurónios, para que ninguém venha a sofrer consequências por não se fazer cumprir todas as regras de bem representar e apresentar…
Lá vou eu ter que usar gravata, lá vou eu ter que cumprimentar gente snob, asquerosa e pretensiosa…mas que infelizmente tem poder decisório. O que me vale do protocolo é que não há beijos para ninguém…Graças a Deus! Lá teria que beijar caras mal lavadas com um centímetro de maquilhagem em cima, perfumadas com um leve e suave aroma a naftalina.
Nada como uma feira de vaidades em que todos querem ter protagonismo, mesmo que para isso não tenham feito a ponta de um corno…mas cá estão os assistentes, que como eficientes que são, têm capacidade de resposta para quase tudo, mesmo que para isso deixem a sua vida pessoal de lado, em prol dos interesses dos seus soberanos.
Isto tudo para justificar a minha ausência, aqui, na minha casa.
Um abraço a todos que aqui vieram e não me encontraram.

segunda-feira, novembro 13, 2006

Eu cá não queria estar doente em tempos de Floribela…

Se a Floribela é a figura mais irritante da sociedade moderna portuguesa, depois do incidente da semana passada, acho que devia ser encerrada numa prisão de mulheres de alta segurança…

O incidente…
Ao que parece aquela coisa de telenovela que está a ser transmitida na SIC e dá pelo nome de Floribela, na passada semana serviu-se do Hopital de Santa Maria, privando centenas de utentes e profissionais de aceder a determinados locais deste hospital.
Médicos, enfermeiros, outros profissionais e utentes foram impedidos de circularem por um espaço, que presta um serviço público por sinal, porque a prioridade no Sistema Nacional de Saúde é proporcionar cenários realistas para filmagens de coisas do género. Escusado será dizer que a Administração deste hospital terá arrecadado uns eurositos cujo destino se desconhece à partida. “Melhorias de instalações e equipamentos…” dirão muito apressadamente, mas quem conhece a realidade deste hospital depressa percebe que os serviços a serem melhorados serão certamente aqueles que a grande maioria dos profissionais deste hospital não têm acesso – os gabinetes das pessoas pensantes do hospital – o Conselho de Administração.
O que me choca no meio disto tudo é a conivência passiva dos profissionais de saúde que permitem que o normal funcionamento dos serviços seja comprometido com obscenidades destas. Fiquei a saber que um doente em coma, ligado a um ventilador, ao ser de transferido de um ponto do hospital para outro, teve que fazer o quádruplo ou o quíntuplo do circuito para chegar ao seu destino e se tivesse feito o circuito normal teria feito um caminho muito curto, mas teria incomodado a produção da Floribela e a própria... - quem conhece este hospital sabe que os circuitos não se conseguem fazer em linha recta, sem ter que contornar uma serie de corredores e serviços.
E depois ouvimos discursos que prestam um serviço publico... Provavelmente a emissão da Floribela é, também, um serviço publico...
... eu cá não queria estar doente em tempos de Floribela…


Isso...protege-lhe a cabecinha do Sol...não vá esturricar o último neurónio e precise de usufruir do Sistema Nacional de Saúde....

sexta-feira, novembro 10, 2006

Uma recordação do oriente




Ao passear descontraidamente pelo Saldanha, cruzei-me com alguém que faz parte do meu passado…e talvez do meu presente: se ele não foi o homem da minha vida talvez tenha sido o amor da minha vida, mas…não estávamos destinados um para o outro.
Já não o via há muito tempo, aliás nunca mais nos falámos desde aquele fatídico dia em que fui obrigado a fazer uma escolha…não sei se a minha escolha foi a mais acertada, mas esta escolha deu-lhe um filho. Não posso esquecer o seu olhar amendoado, as suas raízes orientais, a sua forma terna de me dirigir a palavra. Tudo nele me fascinava, a não ser o facto de ser casado... Foi este facto que me forçou a tomar uma decisão. Não seria capaz de suportar uma culpa da destruição de um casamento, fui obrigado a dizer-lhe que não…que tinha outra pessoa. Foi o melhor para ele, e …cobardemente para mim.
Foram tempos loucos de completa insanidade, de nos encontrarmos às escondidas na sua própria casa, de passeios de carro, de noites em que mais parecíamos fugitivos. O contar dos minutos juntos…O seu cheiro que nunca hei-de esquecer…mas a vida não quis que ficássemos juntos…foi o melhor para ele.
Hoje quando o vi, um filme passou-me à frente dos olhos, em que eu e ele fomos protagonistas. Ainda me lembro dele com muita frequência, gostaria que ele se lembrasse de mim…mas apenas das boas coisas, e não do punhal que eu, sem aviso, o atingi. Ainda trago comigo um porta-chaves que ele me deu: uma bota em miniatura da O’Neill.
Depois da ruptura, vim a saber que tinha tido um filho, encontrei-me com ele uma ou duas vezes, cumprimentámo-nos de forma fria e distante, e nem conversámos sequer. Sei que ficou magoado comigo, aliás muito magoado, mas eu não seria capaz de tomar outra decisão. Por isso, creio ter sido a melhor decisão naquela altura e naquele momento.
Ainda me lembro das suas palavras: tu és a minha última cartada... Como se eu fizesse parte do jogo da sua vida. E eu queria ser a cartada da vida dele, mas não fui... fui antes a carta que lhe trouxe a derrota ao jogo.
Hoje, ao fim destes anos que passaram, quando o vi, as minhas pernas ainda tremeram...

domingo, novembro 05, 2006

O Império dos Sentidos… “Cheiras a António!...”

Nada como começar um fim-de-semana no Hipermercado Jumbo a gastar dinheiro. Não que goste muito, mas como fui convidado hoje para um jantar, fica sempre bem levar qualquer coisinha… É desesperante o povo que se junta aqui! Nas caixas de pagamento não se vê muita gente, o que me leva a crer que as pessoas já que não podem gastar dinheiro, vão pelo menos passear, e agora com bancos de jardim no meio dos hipermercados – para descansar?!? - torna-se num espaço de eleição para se passar uma boas horas fora de casa e ao abrigo da chuva. Quanto mais não seja para se bisbilhotar o que as pessoas conhecidas e vizinhos levam nos carrinhos…
- Tenho que começar a usufruir mais do meu horário liberal para fazer compras durante a semana, para não ter que andar aos encontrões e a pedir licença a toda a hora, nem tão pouco para levar com os carrinhos dos outros nos tornozelos... Nesta minha azáfama de comprar a sobremesa e sal para a máquina de lavar-loiça, passo pela secção de produtos de higiene e dou de caras com uma banca e uma senhora a promover o último perfume do António Banderas…
Sempre gostei de perfumes, aliás o olfacto, para mim e certamente para os outros, é dos sentidos que tem uma relação directa com o processamento de emoções e o acumular de recordações. Quantas vezes passo por alguém com um perfume que me traz recordações de alguém, e depressa me despertam sensações de vigília ou serenidade, conforto ou transtorno. É através do olfacto que obtemos alguma informação sobre a origem de cada coisa e, segundo a psicologia, está intimamente relacionado ao instinto de sobrevivência e atracção sexual. É uma questão de fecharmos os olhos e deixarmo-nos invadir por um determinado cheiro que depressa surgem um conjunto de imagens mentais
Os perfumes têm magia, quando os colocamos sentimo-nos mais bonitos e desejáveis. Procuramos no perfume algo que sirva para transmitir e comunicar a nossa personalidade, os sentimentos e as nossas intenções – há muita gente a colocar perfumes em sítios muito singulares…
Retomando no Jumbo…não resisti à curiosidade de como seria cheirar a António Banderas…e a simpática senhora borrifou-me com o ultimo perfume com o nome “António”. Não gostei mesmo nada: parecia álcool misturado com ambientador anti-tabaco. Não satisfeita, a senhora deu-me outra borrifadela do primeiro perfume dele – que não recordo o nome. Não era tão mau quanto o outro, mas seria muito pouco provável vir a usá-lo… Afastei-me com ar enjoado e disse-lhe que não me agradaram muito…De certo que irá ter muito sucesso em termos de perfumaria de super-mercado por altura do Natal, aliás o preço de qualquer um rondava os €17.00, convidativo hein?!...
Tenho que avisar todos os meus amigos que detestei o cheiro, não vá algum amigo mais ecléctico lembrar-se de mo oferecer pelo Natal.
Não que desgoste do senhor, muito antes pelo contrário, mas não suportaria que me dissessem… “Cheiras a António!...”

Os meus cheiros e a minha fidelidade a eles, por ordem cronológica:
- Paloma Picasso – Minotaure – durante 1 ano
- Jean-Paul Gaultier – Le Male – durante os anos loucos da minha vida (saudades do Frágil, Keops, Primas, Portas Largas, 7º Céu, Trumps, Alcântara, Benzina, Kremlin, e os táxis de Lisboa que me levavam a todo o lado…)
- Ô de Lancome pour Homme – perfume descontinuado para meu desespero
- Calvin Klein - One – …para não ser muito gay…LOL
- Calvin Klein - Bi – ….okay…podia ser um bocadinho gay…
- Giorgio Armani - Aqua de Gio – numa altura de mudança de vida
- Ralph Lauren - Polo – para a manutenção e regulação da mudança de vida
- Calvin Klein – Craven – actualmente, alternando com
- Carolina Herrera – 212

quarta-feira, novembro 01, 2006

As cadelas apressadas...


Não há nada pior que nos precipitarmos e tomar decisões sem as reflectir... para quem ia correr a maratona acabei de dar um tiro no pé! Há remedio!?...não sei...É essa incapacidade de saber dizer simplesmente "não" que ainda há-de ser a minha destruição. Pelo reconhecimento publico das minhas competencias pelos outros, as solicitações não param, as respostas sempre afirmativas e a corda ao pescoço a apertar cada vez mais.
No entanto, não se espera que eu falhe...
As cadelas apressadas parem os cachorros cegos...

quinta-feira, outubro 26, 2006

Diz me o que vestes que eu dir-te-ei quem és…ou não?!

Ontem fui a uma das nossas famosas livrarias de Lisboa procurar por um livro que se encontra esgotado em Portugal Há muito tempo. Fiquei deliciado ao saber que o poderia ter daqui por dois meses…vindo do Brasil! Pois bem vou ler literatura cinetifica em português falado no brasil…legau…bacana…que vómito. Mas enfim é o que se pode arranjar.
No acto da encomenda a jovem que me atendeu pedi-me o meu telefone e obviamente o nome. “Manuel”.
A determinada altura esta jovem, após confirmar nas outras cidades do país a inexistência do livro, diz-me “Oh Manel…vai ter memo que esperar dois meses…”.
A minha parceira de trabalho que me acompanhava, Mariana, jovem de quarenta anos, muito dondoca, por sinal, mas muito minha amiga vira-se de costas para a jovem funcionária e diz em tom audível “Oh Manel?!... Oh Manel?!”. Inevitavelmente provocou um momento de embaraço nesta funcionária que não conseguiu esconder o rubor na sua face. Ficou perdida, não sabia como iria me dirigir novamente.
Apressei a conclusão da encomenda, e a minha amiga Mariana, que estava estremamente incomodada com este abuso de confiança fez-me uma dissertação da necessidade de se usar fato e gravata!!!!....
Como se o fato e gravata definisse o posicionamento sócio-cultural e económico de uma pessoa. “Assim manténs o respeito…” continuava ela. Qual respeito? Pergunto eu? Um homem é o que é, não pela roupa que enverga, mas sim pelas suas acções e forma de estar na vida.
Eu cá continuo a preferir as t-shirts, as swetshirts, as calças de ganga – quanto mais russas melhor - os tennis, embora reconheça que existem momentos e sacrifícios para tudo.
A conversa começou a azedar quando fiz referencia que pessoas como ela vestem para impressionar os outros…Tive que pôr ponto final a uma discussão estúpida provocada por uma atitude menos reflectida de uma funcionária de livraria, que não conhece as regras de etiqueta e de atendimento ao publico.
O que acontece é que o meu organismo rejeita gravatas…deve ser alguma coisa congénita!!!....

domingo, outubro 22, 2006

Apontamento musical...patrocinado pelo Banco Millenium...LOL

Ontem fui ao Pavilhão Atlântico assistir um espectáculo musical promovido pelo Banco Millenium. O pavilhão estava cheio de gente que, certamnete, não foi lá pelos artistas mas sim pelo facto de poderem assistir a um evento nesta sala de espectáculos com “comes e bebes incluidos” de borla…
A passividade de todos aqueles que estavam sentados era agoniante, ao passo que as pessoas que se encontravam de pé junto ao palco compensavam com alguma euforia.
Após ter levado quase duas horas para chegar ao Pavilhão Atlântico, com um transito estúpido e parques de estacionamento a abarrotar, finalmente cheguei quando os fabulosos Clã davam inicio à sua actuação. Obviamente que não assisti à Sara Tavares, o que não me incomodou muito. Os Clã eram o meu objectivo principal, e eventualmente o Rui Veloso.
Os Clã superaram toda e qualquer expectativa, levaram ao rubro todos aqueles que assistiam de pé com musicas como o "Sopro do Coração" e "Dançar na Corda Bamba" em que a Manuela Azevedo, vocalista, conseguiu de uma forma absolutamente fabulosa transmitir uma energia altamente contagiante. O melhor momento deles, a meu ver, foi com “Problema de Expressão” em que se ouvia em uníssono a letra desta espantosa musica por todo o pavilhão.
A seguir entrou o Rui Veloso que, embora tenha cantado algumas músicas, daquelas bem velhinhas que todos nós sabemos, conseguiu estragá-las todas com vocalizações que não lembravam à Ana Malhoa. Absolutamente triste! Abandonei o recinto após a quarta musica completamente desiludido. A idade devia trazer-lhe sabedoria, mas não. Estas improvisações e inovações vocais desvirtualizam a musica impedindo, até, de o publico o acompanhar. Utilizou da pior forma o seu potencial vocal.
Fora do recinto estavam umas mesas que serviam refrigerantes de marcas que nunca tinha visto, nem mesmo no Lidl. A comida…essa nem vê-la, ao contrário daquilo que se fazia acompanhar no convite ("Durante o Concerto será assegurado um serviço de buffet que se manterá até ao final" - onde?!?!?!). Mas enfim, muito bom para uma borla.
Pode ser que futuros bancos adoptem a ideia de fazer espectáculos destes e consigamos que a Caixa Geral de Depósitos siga a ideia e consiga reunir artistas como a Mónica Sintra, Ana Malhoa, a Ágata, Ruth Marlene, Emanuel, Quim Barreiros e todos aqueles que esta entidade tão bem representa…LOL
A seguir, jantar japonês, uma volta pela cidade molhada e uma vontade súbita de ir à casa de banho…eu sabia que não devia ter abusado daquele molho!...

Agora…Bom, bom foram os Clã. Aqui fica um problemazito de expressão…


Só pra dizer que te Amo,
Nem sempre encontro o melhor termo,
Nem sempre escolho o melhor modo.
Devia ser como no cinema,
A língua inglesa fica sempre bem
E nunca atraiçoa ninguém.
O teu mundo está tão perto do meu
E o que digo está tão longe,
Como o mar está do céu.
Só pra dizer que te Amo
Não sei porquê este embaraço
Que mais parece que só te estimo.
E até nos momentos em que digo que não quero
E o que sinto por ti são coisas confusas
E até parece que estou a mentir,
As palavras custam a sair,
Não digo o que estou a sentir,
Digo o contrário do que estou a sentir.
O teu mundo está tão perto do meu
E o que digo está tão longe,
Como o mar está do céu.
E é tão difícil dizer amor,
É bem melhor dizê-lo a cantar.
Por isso esta noite, fiz esta canção,
Para resolver o meu problema de expressão,
Pra ficar mais perto,
bem mais de perto.
Ficar mais perto, bem mais de perto.

sábado, outubro 21, 2006

Direitos iguais…há uns mais iguais que outros…


Tendo em consideração o post anterior e os respectivos comments, que de alguma forma me surpreenderam, prossigo com o mote das manifestações…
Se recordarmos há muito, muito tempo…e que na realidade não foi assim há tanto tempo, tendo em consideração a história universal do Homem, foi como se fosse ontem! A manifestação das mulheres pelo direito ao voto, ou seja pela igualdade de direitos. A Nova Zelândia foi o primeiro país do mundo a conceder o direito ao voto às mulheres no ano de 1893. Em Portugal em 1931 só é permitido à mulher votar, desde que esta fosse diplomada pelo ensino superiror ou secundário.

Já nos nossos tempos, se pegarmos na questão da igualdade de direitos e no artigo 13 (Princípio da igualdade) da Constituição da República Portuguesa VII Revisão Constitucional (2005), diz-nos que:
1. Todos os cidadãos têm a mesma dignidade social e são iguais perante a lei.
2. Ninguém pode ser privilegiado, beneficiado, prejudicado, privado de qualquer direito ou isento de qualquer dever em razão de ascendência, sexo, raça, língua, território de origem, religião, convicções políticas ou ideológicas, instrução, situação económica, condição social ou orientação sexual.

A minha questão é a seguinte: será que são da mesma natureza as prides gay e as manifestações das sufragistas do século passado? Será que reivindicam as duas à igualdade de direitos?
A mim parece-me – e podem crucificar-me se discordam comigo - que as prides gay visam marcar a diferença pelo ser diferente, recorrendo sempre ao estereotipo do gay efeminado e de muitas Priscilas.
Se ser-se gay é isso, então eu não sou gay!

terça-feira, outubro 17, 2006

Um almoço nauseante...

Hoje apanhei uma camada de nervos ao almoço…a quantidade de anormalidades que se dizem sobre os gays! E o mais revoltante é que quem profere determinadas coisas acredita piamente naquilo que diz como se fosse um perito em homossexualidade…
Tudo começou quando se falava de filmes e alguém teve a infeliz ideia de fazer referência ao Brokeback Mountain. Começou, então, uma discussão intelectual, cheia de pormenores sórdidos, sobre o amor gay e com referencia ás ultimas tendências (que eu desconhecia por completo!!!...), que consiste em que os gays não tomam banho por ser um fetiche o cheiro a suor e a transpiração!!! É impressionante como pessoas com uma diferenciação cultural e com responsabilidades sociais se dêem ao trabalho de inventar e disseminar coisas do género! Foi nauseante! Só me apeteceu saltar para cima da mesa e “sair do armário” e perguntar-lhes se tinham duvidas que eu tomasse banho! Mais uma vez opto pelo silêncio cobarde e mantenho o meu disfarce.
Mais uma vez a homossexualidade é associada a Carnavais gay como as prides, a desvios patológicos, ao travesti, à promiscuidade e a tudo que é pernicioso na nossa sociedade.
O meu silêncio, e o de outros, pode ser cobarde mas creio ser a única forma de sobrevivermos neste meio hostil.
Ás vezes penso que se existisse um interruptor em mim que me transformasse em hetero não sei se não carregava nele…
Contudo…SOU FELIZ COMO SOU!!!

sábado, outubro 14, 2006

Desporto motorizado…

Está a decorrer neste fim de semana, no domingo para ser mais preciso, no autódromo do Estoril, o Grande Prémio de Portugal. Portanto, muitas motas, muitas gajas e muitos gajos…Mais uma vez tenho um livre transito, para os três dias, o que me tem permitido fazer algumas incursões pelo paddock e lavar muito a vista…

Hoje ao passear por aquele aglomerado de gente, no paddock, que pede ostensivamente posters e postais do Rossi e do Biaggio, em camiões transformados em magníficos palácios, está uma mulher alta, esguia, de cabelos louros apanhados, lábios carnudos, pele clara, e esconde o olhar por detrás de uns óculos que lhe cobrem metade da cara. Tem vestido uns jeans apertados e um casaco de camurça castanho – LINDA!!! Nesse momento tive a sensação de conhecer essa mulher, olhei, desviei o olhar e voltei a olhar de forma ostensiva. Não queria acreditar…essa magnifica mulher é a Esther Cañadas! Uma das topmodels mundiais de nacionalidade espanhola, ali mesmo ao meu lado passando por incógnita. Ora, gajo que é gajo largava uma boca daquelas bem foleira tipo “És podre de boa!”, mas certamente ela não iria perceber…talvez se eu lhe dissesse “Eres podrida de buena!”, talvez percebesse a frase, no entanto não iria compreender um vocabulário impregnado de um referente cultural bem português - como é que podre pode ser bom?!


Ainda me cruzou o espírito de lhe dar uma valente palmada no rabo! Poderia depois dizer que já tinha apalpado o cú a uma famosa. Após uma reflexão rápida, achei melhor não…embora estivesse num meio altamente masculino – aparentemente, porque as bichas betas são mais que muitas – pensei que poderia ficar muito bem visto perante os motards, todos muito machos (?!), mas certamente haveria algum segurança que me iria pôr no olho da rua e eu iria ficar sem o meu livre transito – deste ano e dos futuros…

Enfim…hoje foi um dia muito bem passado no meio de gente gira (e famosa), muitos gajos, muitas motas e muitas mamas…as meninas do red bul são um espanto…ainda se eu gostasse…

PS – obrigado a todos que sentiram a minha ausência e se manifestaram…sim, porque há uns quantos, que têm vergonha de se mostrar, mas vêm aqui religiosamente! Hoje, estou particularmente muito bem disposto…será da minha bipolaridade?!?! Será que devo ficar preocupado?!? Beijos e abraços - cada um leva o que quiser! :)

terça-feira, outubro 10, 2006

Dia sem Sol...


A minha disposição hoje faz companhia ao dia: sem sol. O trânsito infernal, a impaciência dos condutores, o acordar cedo após uma noite mal dormida, o tomar decisões complicadas que comprometem projectos futuros - que variáveis fantásticas para se começar o dia...

Se a situação é boa, desfrute-a;
se a situação é ruim, transforme-a;
se a situação não pode ser transformada, transforme-se.

Viktor Frankl

...e depois lêm-se coisas do genero:
SCientists, the most religious people you'll ever meet

sábado, outubro 07, 2006

Não me mintas…

Mais uma discussão conjugal motivada pela mentira.

Essa tua inabilidade inata denuncia-te…não sabes mentir…não me mintas…
Sempre te aceitei, incondicionalmente, mesmo após as traições, que foram punhais que, sem aviso prévio, me atingiram os flancos. Morri e renasci por todas as vezes…não me mintas.
Não te prendo, amo-te demais para te prender e para te privar da tua vontade mas…não me mintas…nem precisas vir para casa, eu fico bem sozinho, não tenho medo da solidão. Não sejas piedoso com as mentiras que contas, o efeito é sempre contrário mas…não me mintas…
Eu nunca te disse que não compreendia as tuas motivações, os teus medos, e por perceber, não te prendo, mas…não me mintas.
Não quero ser a pessoa da sombra, quero continuar ao teu lado, como sempre estive, não quero ser o amante dos minutos contados…sim, sou egoísta, não te partilho com ninguém…por isso…não me mintas.
Se quiseres vai-te embora, vai viver uma mentira, vive a outra vida...cumpre os desígnios impostos pelos outros…mas não esperes por mim…porque se voltares eu já ter-te-ei esquecido…mas não me mintas.

sexta-feira, outubro 06, 2006

Uma história com moral...


Uma mãe e um bebê camelo estavam por ali, à toa, quando de repente o bebê camelo perguntou:

- Mãe, mãe, posso te perguntar umas coisas?
- Claro! O que está incomodando o meu filhote?

- Por que os camelos têm corcova?
- Bem, meu filhinho, nos somos animais do deserto, precisamos das corcovas para reservar água e por isso mesmo somos conhecidos por sobreviver sem água.

- Certo, e por que nossas pernas são longas e nossas patas arredondadas?
- Filho, certamente elas são assim para permitir caminhar no deserto.Sabe, com essas pernas eu posso me movimentar pelo deserto melhor do que qualquer um! - disse a mãe, toda orgulhosa.

- Certo! Então, por que nossos cílios são tão longos? De vez em quando eles atrapalham minha visão.
- Meu filho! Esses cílios longos e grossos são como uma capa protetora para os olhos. Eles ajudam na proteção dos seus olhos quando atingidos pela areia e pelo vento do deserto! - disse a mãe com orgulho nos olhos.

- Tá. Então a corcova é para armazenar água enquanto cruzamos o deserto,as pernas para caminhar através do deserto e os cílios são para proteger meus olhos do deserto.... ENTÃO, QUE DIABOS ESTAMOS FAZENDO AQUI NO ZOOLÓGICO ?

Moral da história:
"Habilidade, conhecimento, capacidade e experiência são úteis se você estiver no lugar certo".

quarta-feira, outubro 04, 2006

Sedutoramente perigoso

Naquele instante eu não ouvia nada, na minha cabeça existia um silêncio ensurdecedor, fixava apenas os gestos que a sua boca fazia enquanto segredava junto da orelha de um colega. Era pouco mais novo que eu e tudo nele era calculado ao ínfimo pormenor: os cabelos despenteados e aparentemente descuidados, os jeans russos e rasgados, os chinelos que condiziam com algum adereço que trazia, ou seria o relógio da Swatch, ou seria os óculos de lentes coloridas. Nada estava ali por acaso.
Sentava-se sempre na primeira fila, fingia que escrevia notas, fingia que prestava atenção, uma vez ou outra colocava uma questão para dar a imagem de quem estava muito interessado no que se estava a falar. Era sempre o último a sair, fingia que tinha sempre muitas fotocópias para organizar, fitava-me pelo canto do olho e sorria.
O que quereria ele? Recordava as primeiras palavras do meu chefe “se prezas o que fazes, não te envolvas com alunas…”. “E os alunos?” - pensava eu?…
O ano terminou e nunca mais o vi…não sei se desistiu. Se o fez, ainda bem para mim…

segunda-feira, outubro 02, 2006

Amores revisitados...última parte

Passaram-se três dias e o telefone não tocou. O sentimento de vazio e a ansiedade foram-se instalando progressivamente. A espera por um telefonema que se previa que não iria ter lugar, a espera de um desfecho comum a tantos outros…
Tomei a iniciativa e liguei-lhe. Telefonemas uns atrás dos outros e nunca estava, ou melhor daria indicações do outro lado para dizer que não estava…Fiquei com a noção de ter perdido uma coisa minha e não havia nada que a pudesse substituir. Tudo à minha volta perdeu o interesse, nada tinha mais significado que ele. O seu sorriso atormentava os meus pensamentos. O fantasiar que ele pudesse estar com outra pessoa levava-me à loucura…
Após duas semanas de tentativas infrutíferas de falar com ele, lá me atendeu o telefone…
- Olá! Tudo bem…desapareceste? – perguntei envergonhado. As minhas pernas tremiam como se fosse pela primeira vez.
- Tenho estado muito ocupado, a peça tem exigido muito de mim…
- Eu queria muito falar contigo…
- A peça vai para o Porto daqui por três semanas, e tenho tido muitas coisas para tratar…
- Só um café! Preciso mesmo muito de falar contigo!

Era notório que o Filipe não queria estar comigo, a minha presença passou a ser um empecilho na vida dele. Ele deve ter percebido que de uma vez por todas teria que pôr um fim àquilo e acedeu encontrar-se comigo.
No dia seguinte, ás 11h30, lá estava eu numa esplanada de um café que existia no Cais do Sodré. Esperei até às 12h15, e quando já não tinha esperança que ele chegasse eis que surge o Filipe.
Não trazia o seu sorriso habitual, mas uma expressão dura de poucos amigos. Envergava o habitual casaco de cabedal e desta vez trazia uns óculos escuros que nunca os tirou.
- Então tudo bem? – pergunta num tom seco
- Desculpa impor-te a minha presença…
- …mas estás a impor! – interrompendo-me de forma violenta – és muito novo, tens 21 e eu tenho 28! Não te quero tirar da casa dos teus pais!
- Mas não tiras…
- …ouve…eu já sofri muito por amor…não quero que sofras por mim. Eu, ainda, amo outra pessoa! Não dá para andarmos a brincar aos namorados.
Se por um lado quase que chorei, por outro não lhe iria mostrar esta face mais frágil da minha pessoa.
O silêncio invadiu-nos.
- Tenho que me ir embora! Queres que te deixe em algum lado!?
- Não, obrigado. Até um dia destes…

O Filipe abandonou a esplanada e apercebi-me que tinha abandonado a minha vida de vez. Eu nunca fiz parte da vida dele…sentia-me como o brinquedo que serviu para mostrar aos outros…certamente fui mais um.
Vim a saber que a companhia foi para o Porto, e eu retomei a minha vida no ponto que a tinha deixado quando o conheci.
A noite já não tinha o mesmo encanto, faltava-me o conforto daquele sorriso. Aos poucos fui esquecendo-o. Vim a conhecer, outras facetas proibidas da sua vida que me levaram a compreender que ele pertencia a mundo distante do meu.
Passou-se um ano e nunca mais ouvi falar em tal pessoa, até que numa noite no Bairro, ao atravessar a Rua da Atalaia, ouvi um “Olá!..”. Não me virei sequer, pois havia um mundo de gente à entrada das Portas Largas. O “olá” fez-se ouvir novamente e continuei a andar. De repente uma pessoa, de forma muito apressada, coloca-se à minha frente…Era o Filipe.
- Olá, estás bom? – perguntou-me com aquele sorriso, que já não tinha aquele brilho dos tempos de outrora.
- Ah!...olá! Tudo bem!
Percebi naquele instante, que a insistência nos “olás” e o colocar-se propositadamente à minha frente, foi porque já não se lembrava do meu nome. “Grande puta” pensei…
Eu que tinha o nome do melhor amigo dele…naquele instante cruzou-me o espírito de quantos gajos ele terá tido durante esse ano que passou. “Fui mais um…”
- Estreei outra peça
- Eu sei! – respondi no tom mais seco que alguma vez pensei conseguir.
- Queres ir ver?
- Pode ser!

Aquela resposta afirmativa fez-se acompanhar dos sentimentos mais negativos que eu alguma vez poderia guardar dele. Mas aceitei.
- Pode ser na terça-feira? Vou deixar o bilhete à entrada e dizes que tens um bilhete guardado por mim…
Se tinha dúvidas que ele se tinha esquecido do meu nome, aquela era a confirmação final. Percebi que nunca tinha tido espaço na sua vida, que nunca lá tinha estado a não ser por efémeros momentos de êxtase físico. Foi só isso! Eu não tinho sido ninguém. Fui um engate que, ao contrário dos outros, não foi numa casa de banho publica, e que, pela forma mais inocente, lhe dedicou amor.
- Ok! – respondi com um sorriso nos lábios - Fica então combinado!
Escusado será dizer que nunca lá fui levantar o bilhete, nem tão pouco assisti à peça. Nunca mais o vi desde então, a não ser numa ou outra novela na televisão.
Afinal de contas o sorriso dele não era tão bonito assim…afinal de contas, é pelo sorriso que as meretrizes nos conquistam…

domingo, outubro 01, 2006

Amores revisitados....Parte IV


Parámos em frente de um prédio antigo em Alcântara, daqueles com duas portadas em madeira e tocamos à campainha. Não tardou muito que nos abrissem a porta e ao longe já se ouvia musica. Subimos por umas escadas em madeira até ao segundo andar.
O aniversariante aguardava-nos à porta com um sorriso de felicidade, e após as devidas apresentações entrámos em casa. Havia um tumulto de gente que circulava naquele corredor estreito completamente indiferente à nossa chegada e ouvia-se jazz acompanhado de uma voz feminina. Percebi que o aniversariante ter-se-ia mudado havia pouco tempo pelo que nos fez questão de mostrar a casa, essencialmente a cozinha e a casa de banho. Os outros quartos não mostrou, uma vez que nestes havia um corrupio de gente a entrar e a sair.
Entrámos na sala, apinhada de gente. Uns estavam bem sentados em sofás e poltronas, outros sentados no chão em almofadas. Sentia-se perfeitamente bem uma hierarquia de importância naquele cenário. Uma figura de uma mulher magra, morena e extraordinariamente elegante encontrava-se em pé de costas para a porta. Para meu espanto quando esta se vira percebi que a voz feminina que se ouvia era ela e não do CD. Cantava graciosamente por cima de uma orquestração como eu nunca tinha ouvido. Ela virou-se e, interrompendo a sua exibição, disse: “Olha o Filipe!”
- Olá Vanda…
Tempos mais tarde vi esta estranha mulher na televisão com cabelo azul…
Não conversei com ninguém, era um estranho mundo de caras estranhas e ao mesmo tempo conhecidas. As conversas diziam respeito a mexericos de bastidores e eu estava cada vez mais longe do meu mundo. Olhavam-me de soslaio demonstrando uma curiosidade de saber mais sobre mim.
Há alguém que diz “vamos tirar uma fotografia!”. Pusemo-nos todos juntos, tipo equipa de futebol, o Filipe procurou-me para ficar ao meu lado em baixo, e ficou com a mão por cima do meu ombro. Nunca vi tal fotografia. Pode ser que apareça daqui por 50 anos na fotobiografia de algum celebre…
Cantámos os parabéns e apagaram-se as velas num magnífico bolo de chocolate, que pelo menos três pessoas não quiseram comer.”Caprichos com dietas!” pensei eu. Ouve-se, então o aniversariante:
- Então gostaram do bolo de “haxe”?!?!?
A principio não percebi, aliás não queria perceber…mas afinal era verdade. Naquela altura, e certamente nos dias de hoje, havia um conjunto de receitas de cozinha em que de entre os ingredientes o haxixe era um deles. Agora percebi porque é aqueles não quiseram comer bolo! Fiquei em pânico! O pensar que podia ficar sem as minhas faculdade intelectuais afastou-me sempre do álcool, dos psico-trópicos e de outras drogas, e agora tinha acabado de comer bolo de haxe!! Fiquei visivelmente perturbado, pelo que tentei disfarçar junto do Filipe.
Refugiei-me na cozinha encostado a um balcão rodeado de sacos de lixo cheio de copos e pratos de plástico. Não sabia o que iria fazer, não sabia se iria ter repercussão no estado de consciência. Eu queria ir para casa o mais rapidamente possível, se já não estava bem, ali muito menos. O Filipe procurou-me e beijou-me, as pessoas entravam indiferentes na cozinha à procura de bebida e ele mantinha-se igualmete indiferente com a sua presença e continuava a beijar-me.
- Não estás à vontade aqui, pois não?
Eu respondi com um encolher de ombros.
- Vamos então, eu levo-te a casa!
Eu queria era chegar a casa antes de me acontecer alguma coisa. Se tivesse que ficar drogado seria na minha cama e ninguém daria por isso…
Pela primeira vez o Filipe iria levar-me a casa. Parou o carro e disse:
- O que fazes amanha? Queres ir dar uma volta?
Assim foi, no dia seguinte foi me buscar a casa às 11 da manha e rumámos ao Cabo Espichel. Parávamos o carro sempre que nos queríamos beijar com mais intensidade e eu não queria acreditar no que estava a viver. Dali fomos ao Meco e depois debaixo de uns pinheiros amámo-nos intensamente – pensava eu… Ele adormeceu e eu fiquei a observá-lo e a fazer planos para o futuro: eu acabaria o meu curso dali por meses, já tinha propostas de emprego e depois alugávamos uma casa e seríamos felizes para sempre…
O Filipe acordou e eu beijei-o. “Não tens fome?”, perguntei-lhe, sabendo de uma tasca ali perto chamada Mequinhos onde servem uns petiscos óptimos.
Lá fomos. Já não me recordo do que comemos, mas não era isso que importava, era o facto de estar junto dele. Isso sim era o mais importante. Eu deliciava-me a vê-lo comer, deliciava-me a vê-lo sorrir para mim. Eu estava indubitavelmente apaixonado! Não era só a figura nem o físico, mas por uma forma de estar na vida, pela serenidade, não sei…havia um conjunto de coisas nele que me hipnotizavam sem eu mesmo saber quais eram. Estava feliz nesse domingo!
Ás cinco da tarde a noite já fazia sentir a sua chegada, rumámos a Lisboa. A sua cara sofreu uma transformação pelo caminho: não falou nada a não ser que tinha que orientar a vida. Eu pensava: “Que orientes! Agora estás comigo”. Ao memo tempo pensava que se o meu primeiro amor gay não seria apenas uma ilusão. Certamente não estava muito longe disso, mas era o tipo de pensamento que eu exorcizava logo que ele se aproximava.
Deixou-me à porta de casa dos meus pais e despediu-se com um beijo envergonhado e longe do olhar de quem pela rua circulava, e disse-me: “Depois telefono-te!...”

sábado, setembro 30, 2006

Não dou conta do trabalho...


Este fim de semana mais parece uma semana de trabalho...não dou conta de tudo...no entanto, vou tentando agarrar-me a algumas máximas...

"Um poeta escreve poesia. Um poeta da vida vive a vida como uma poesia."
A. Cury, in A Saga de um Pensador
(.....Nuno Thinker, esta é para ti!!lololoololol)


Trabalho = Poesia?!?!?!!?!?
- não obrigado.

quarta-feira, setembro 27, 2006

Resultado de estudos baseados em evidência sobre o aquecimento global


Hoje apetece-me parvar...o dia perfeito para mim esta semana teria que ter mais de 24 horas para poder dar resposta a tudo o que me aparece pela frente. Saber dizer NÃO é uma competência que ainda não consegui desenvolver...e assim, o trabalho vai crescendo, crescendo ficando pouco tempo para dedicar às minhas coisas.
Isto da Internet veio melhorar o acesso à informação, mas em contrapartida já não há desculpa para não se fazerem uns trabalhinhos em casa...
Espero, contudo, que no fim de semana possa descansar e acabar de reviver o passado...

domingo, setembro 24, 2006

Amores revisitados...Parte III


Sempre que chegava da faculdade, a primeira pergunta que fazia assim que entrava em casa era se alguém tinha ligado para mim. Este tipo de comportamento levava a que a minha mãe partisse logo do princípio que estava à espera de uma chamada em particular. Este ritual de perguntas durou até sexta-feira quando durante o jantar o telefone tocou. Era o Filipe! Perguntou se eu estava interessado em ir ao cinema nesse mesmo dia à sessão da meia-noite. O filme ainda não sabia qual era, mas respondi imediatamente que sim.
Não consegui esconder o comportamento excitado, que a minha mãe me perguntou se era esse o telefonema que eu estava à espera…obviamente que ficou sem resposta…
Cheguei ao Cais do Sodré cerca das onze horas da noite, lá estava o carro desportivo vermelho à minha espera. Cumprimentámo-nos com um aperto de mão muito masculino e seguimos em direcção ao Quarteto. Fomos ver “A idade da Inocência” com a Michelle Pfeifer e o Jeromy Irons, que tinha estreado na semana anterior. Ainda hoje, quando vejo determinadas cenas me recordo de comentários que trocámos sobre o amor.
A seguir nada aconteceu. Mais uma vez frustrado pelos meus planos não terem correspondido ao imaginado, mas enfim…fui me convencendo que era um namoro à antiga, com muita vergonha e muito amor platónico. Eu devia ter , ainda, a idade da inocência… Continuámos a encontrarmo-nos com mais regularidade para beber café, a seguir aos seus ensaios e falávamos muito sobre sentimentos, enganos, amores passados, coisas serias e menos sérias, mas a minha vontade era sufocar-lhe a respiração com um beijo naquele sorriso que me punha doido.
O ritual de irmos ao cinema e depois cada um para sua casa (eu pelo menos na minha…) foi-se mantendo, durante umas semanas. Como me ausentei da noite os telefonemas iam chovendo por parte de amigos, no sentido de saberem o que se passava comigo. Depressa me aconselharam a não ter muitas esperanças, pois “bom como ele era” devia ser uma grande puta…
A peça estreou, e durante a primeira semana de exibição, muito honrosamente, foi-me oferecido um bilhete para a assistir.
Foi num domingo chuvoso que me dirigi ao Teatro D Maria, e lá fui assistir à peça de teatro da pessoa que protagonizava os meus sonhos e fantasias sexuais.
Desapontado com o seu escasso desempenho, fiquei surpreendido com a personagem, uma vez que o Filipe me falava que era uma pessoa nobre, simpática, afável, e no final de contas era um mordomo cuja intervenção se limitou a meia dúzia de deixas durante toda a peça, sem um papel determinante do desenrolar da intriga. Mas isso era secundário, eu gostava era do actor e não personagem. Pensei que esse tipo de sentimentos que se desenvolvem com as personagens que os actores interpretam era uma coisa blazet dos artistas...
No fim da peça saímos os dois juntos, e reparei que ele tinha um brilho diferente. Olhei com mais atenção, cuja discrição não foi exemplar, e notei que ele ainda não tinha retirado a base da maquilhagem. Como o Filipe reparou no meu olhar atento, de alguma forma ficou embaraçado, e disse que por vezes não retirava a maquilhagem por questões de vaidade…uma faceta que eu até então desconhecia.
Entrámos naquele magnifico carro vermelho e ele disse:
- Vamos ver o mar…
Com aquela chuva toda não me pareceu muito boa ideia, mas ao pé dele tudo faria qualquer sentido.
Dirigimo-nos pela marginal, e conversámos sobre a peça. A determinada altura o Filipe pousa a mão sobre a minha perna e sorri para mim. Se por um lado fiquei em êxtase, por outro não sabia, estupidamente, como corresponder a esse gesto adequadamente, sem perturbar a condução! …o piso estava muito escorregadio...
Parámos numa das praias da linha. O estacionamento estava deserto, ao contrário de outras noites que são verdadeiros locais de engate.
A chuva tinha parado...
- Vamos respirar o cheiro do mar…
Eu saí, obedecendo de imediato àquela ordem celestial.
- Sabes uma coisa? – disse o Filipe - eu já morri aqui…
- O quê?!?!....Não percebo!
- Foi uma personagem minha….que morreu neste mesmo sitio.
Fiquei mais descansado, pois não estava a perceber o sentido das suas palavras.
Eu fiquei a olhar o mar que estava muito revolto e ao longe conseguia ver o Cabo Espichel, cujo luz alumiava as minhas fantasias. O cheiro do mar, por sua vez, confundia-se com o cheiro da terra causado pela chuva.
O Filipe coloca-se à minha frente e deixa-se encostar. Correspondendo àquele movimento, abracei-o por detrás e apertei-o com força. Não consegui esconder a minha inevitável excitação e o Filipe apercebeu-se disso. Virou-se para mim e procurou os meus lábios com a sua boca. Beijámo-nos profundamente contra o carro. Os beijos eram cada vez mais molhados, isto porque a chuva regressou de novo.
Entrámos no carro com alguma rapidez, e os beijos continuaram. Senti o seu cheiro: usava Azzaro. Ainda hoje consigo associar esse cheiro à sua pessoa.
As nossas mãos percorriam os nossos corpos. Ele reclinou o banco e eu coloquei-me por cima, e continuamo-nos a beijar. Estivemos nisto durante uma hora e lá fora chovia torrencialmente. Vim a saber no dia seguinte, pela minha mãe, que tinha havido cheias em Lisboa, nessa noite, e que muita gente tinha ficado desalojada. Eu pensei: “podia ter caído o mundo que eu não tinha dado por isso”…
Os beijos e os jogos de língua mantiveram-se e a determinada altura ele disse:
- Tenho uma festa de anos, de um amigo meu, e fiquei de lá ir…Eu disse-lhe que estava contigo e ele disse para ires também…

quarta-feira, setembro 20, 2006

Amores revisitados...Parte II

Era uma segunda-feira solarenga de Outubro, esperei ansiosamente pelas 15h00 e lá fui apanhar o metro a Entrecampos com destino ao Rossio. Dirigi-me à entrada dos actores do Teatro D. Maria e disse que o Sr Filipe estava a aguardar por mim. Um senhor com ar boçal e barrigudo faz um telefonema e em menos de 5 minutos aparece o Filipe, com aquele, maravilhoso sorriso e acena-me com a mão.
Dirigi-me a ele completamente deslumbrado com toda a situação, descemos umas escadas, atravessamos uns corredores e entramos num bar, que eu creio não ser de acesso ao público geral, em que estavam actores e actrizes bem conhecidos do nosso teatro. Os comentários fizeram-se sentir quando entrámos: olhares indiscretos acompanhados de sussurros e segredos. Houve até quem o chamou à parte e percebi que lhe fizeram a pergunta de quem seria eu, uma vez que ouvi a resposta “É um amigo…”, e um olhar rasgado de um sorriso deixou transparecer cumplicidade na aceitação da resposta.
Bebemos um café e falámos durante meia hora, sobre as nossas vidas, os nossos interesses, filmes enfim tudo mas nada em geral. Fomos sistematicamente interrompidos por pessoas que o iam cumprimentar deliberadamente para me poderem observar bem.
Assentámos que o Filipe me iria ligar na quarta-feira para combinarmos uma saída no fim-de-semana. Despedimo-nos e aquele sorriso começava a ser cada vez mais bonito e começou a ficar cada vez mais preso aos meus pensamentos.
Quarta-feira, tal como havia combinado, telefonou-me de uma cabine pública para sairmos sexta-feira. Fiquei radiante, mas ao mesmo tempo irritado porque não seria antes na quinta-feira. Mas que interessava era sairmos. Combinámos, então, encontrarmo-nos na Brasileira.
Assim foi...
O início da noite começava na Brasileira. Era o início da feira das vaidades, uma verdadeira mostra de alta-costura e as tendências da moda. Eu divertia-me de ver aquelas tontas a desfilarem para cima e para baixo na esperança de chamar a atenção de quem procurava o prazer de beber um café, ou simplesmente procurava companhia para passar a noite. Pode-se dizer, mesmo, que o engate da noite começava ali.
Os meus olhos percorriam a Rua Garret na esperança de encontrar o sorriso que me acompanhava antes de adormecer. Eis que por detrás de um artista de rua que tocava trompete aparece ele.
O Filipe bebeu um café e conversamos sobre amores passados. Fiquei a saber que tinha tido um namorado que tinha sido assassinado, após terem acabado, decorrente de um “engate mal feito”…uma história tétrica. O tempo foi passando e dirigimo-nos ao Frágil. Como sempre estava a abarrotar pelas costuras. Como era tradição toda a gente que entrasse no Frágil tinha que passar sempre pelo lado esquerdo – oposto à pista – para ver quem estava e com quem estava…O cumprimentos habituais, muitos deles de gente sem interesse nenhum, mas nestas lides há que manter uma determinada pose e ser-se muito fingido e fútil…Encostados às paredes e a uma pá de uma hélice que aí havia, homens segredavam aos ouvidos uns dos outros tocando os lábios nas orelhas dos parceiros, outros iam bebendo desmedidamente, as mulheres com cabelos muito artísticos de todas as cores e feitios.
Fomos para a pista. Vivia-se moda da dança da almôndega. Moda, essa, que o Manuel Reis – dono do Frágil – tinha proibido, e quem o fizesse era convidado a sair. A almôndega era um comboio de gente cujos corpos se colavam e as mãos percorriam o que quisesse. Não interessava se era homem ou mulher, o que interessava era que todos dançassem colados uns aos outros ao mesmo ritmo. Não entrámos na almôndega, ficamos encostados a ver a cena. Ocasionalmente dançávamos quando a musica era mais apetecível. Recordo com grande prazer desse tempo os Stereo MC’s com o “Connected”. Não conversámos muito, bebi água e ele um cerveja. Começou a queixar-se que estava cansado e que tinha de se ir deitar e perguntou-me se eu queria que ele me deixasse nalgum lado.
Foi a minha primeira grande decepção. Que grande tampa!! Como não queria que ele pensasse que eu iria ficar no engate, pedi-lhe que me deixasse no Cais do Sodré, para apanhar o barco para ir para casa. Assim foi.
A minha primeira noite com o Filipe terminava às duas da manha. Eu não queria acreditar. Durante tanto tempo, seria a primeira vez que ia para casa tão cedo.
Foram por agua abaixo, fantasias, desejos e ilusões de uma noite. “Que se lixe!” pensei, “pelo menos saí uma vez com ele”, tentando assim conformar-me com aquele desfecho de noite.
As esperanças reacenderam-se quando nos despedimos e ele perguntou: ”posso ligar-te durante a semana?”….

terça-feira, setembro 19, 2006

Amores revisitados...Parte I

Tinha descoberto a noite de Lisboa, com 21 anos, a caminho dos 22, e estava no último ano da faculdade. Conheci as pessoas certas que me introduziram aos lugares certos.
Era a loucura total: a noite começava à quinta-feira e terminava no domingo à tarde. O início da semana era acompanhado por uma depressão que ansiava pela quinta-feira.
Eram tempos em que o Frágil era Frágil e o Alcântara era passagem obrigatória e o Kremlin o começar do dia.
Conheci o Filipe (nome fictício pelas razões que irão perceber) no Frágil, era namorado de um primo deste meu amigo, e andava pelas bocas do mundo uma vez que era actor e tinha sido protagonista num filme que ainda teve algum sucesso. O Filipe tinha então 27 anos, moreno, cabelo preto, um sorriso enternecedor e uma voz grave e imponente. Obviamente que quando o conheci não estava nos meus planos apaixonar-me por ele, dado que era uma pessoa famosa e certamente nunca se iria interessar por um universitário, que não vestia roupa de marca e que ainda dependia economicamente dos pais.
Passaram-se algumas semanas e numa dessas saídas, não me recordo se sexta se sábado, fui sair com este meu amigo. O ponto de encontro foi em Cacilhas ás 23h30.
Não queria acreditar naquilo que estava a ver: trazia uma túnica branca, com muitos colares do género hare krishna e trazia os lábios pintados de uma cor térrea… pensei ”Meu Deus, para o que eu estava guardado…isto não me está a acontecer…”.
No meio da decepção da imagem dantesca que eu tinha observado, ele disse “Vamos ter com o Filipe ao Keops que ele acabou com o meu primo!”. Eu, inocentemente, ainda perguntei quando é que tinha acontecido e pelos vistos já fazia algum tempo. A ideia de ir ter com o Filipe foi como uma agradável compensação, e um arrepio por ir ter com ele. Não propriamente por fantasiar a respeito dele, mas sim pelo facto de acompanhar uma pessoa celebre do meio artístico. Achei que assim toda a gente iria reparar em mim…como se eu precisasse! Com 1, 90 não passava despercebido em lado nenhum…
Lá fomos então.
Entrámos no Keops, fomos cumprimentados pelo dono, que era espanhol, e lá estava o Filipe, encostado a uma parede, a aguardar por nós. Cumprimentámo-nos e aquele sorriso naquela noite pareceu-me mais bonito, tal como nos encontros seguintes. O seu sorriso era sempre mais bonito cada vez que o via…
Do Keops, fomos ao Frágil, Trumps e depois o Alcântara. Não sei como é nos dias de hoje, mas o Alcântara de então revestia-se de uma mística especial: gente bonita, interessante, gente do mundo da moda das artes, numa feira de vaidades com roupas de criadores…nem sei. Acho que ainda não encontrei as palavras que descrevam o Alcântara de então. Era mágico...tudo acontecia lá…mesmo!
Estávamos no privado - espaço com musica cujos decibéis permitem estabelecer uma conversa – e o Filipe segreda o meu amigo, e os dois sorriem para mim. Fingindo-me de incomodado perguntei o que se passava, ao que o meu amigo responde que “ele acha-te muito engraçado…”. Não podia ser real! Um elogio daquele pedaço de homem que era cobiçado por meia Lisboa, não podia ser verdade!!! Mas foi! Esta noite terminou com um pequeno-almoço na pastelaria Suiça, com o meu amigo contrariado por não termos ido à missa das sete na Basílica da Estrela naquela triste figura…era louco! Hoje penso que ele dava na coca…
Trocámos os números de telefone, e gerou-se ali uma cumplicidade, um cortejo de forma subtil, mas tudo num ambiente muito romântico. Fiquei de ir ter com ele ao Teatro D. Maria, para bebermos café na segunda-feira seguinte, pois estava em ensaios para uma peça que iria estrear dali por duas semanas.
Lá fui…

segunda-feira, setembro 18, 2006

O primeiro dia do resto da vida deles…


Primeiro dia de matriculas do ensino superior após as listagens e colocações emitidas pelo MCES.

Parecem cada vez mais novos: são denunciados pelas suas faces ainda imberbes e pelos corpos pouco desenvolvidos. São fruto da geração Pokemon e ainda devem recordar-se da Ana Malhoa, na versão virginal, aos sábados na SIC no "Buerere".
Vêm de todo o lado, com olhares inseguros e com uma alegria não manifesta pelo receio da recepção aos caloiros. Uns vêm sozinhos outros com os pais e namorados. Vêm entrar num mundo novo, para o qual desconhecem as regras do jogo, mas sabem que são jogadores e, como todos os jogos, vão ter que usar todos os recursos para poderem ser vencedores – uns mais lícitos que outros…
Os mais velhos fazem questão de fazer a vénia aos professores e, de alguma forma, mostrar a estes seres “inferiores” a sua proximidade com o poder vigente.
Saem do edifício completamente irreconhecíveis, após a matrícula, com perfumes que afastam qualquer ser vivo das redondezas. São os novos caloiros. São tratados com um carinhoso desprezo e ao mesmo tempo referem-se a eles como se da peste bubónica se tratasse. Rituais de integração e socialização incompreensíveis para quem nunca frequentou estes meios.
Estes caloiros vêm com sonhos de vida, projectos futuros, frustrações por não terem entrado na sua primeira opção, expectativas familiares mas desconhecem o futuro incerto que os espera.
Que tenham boa sorte no jogo...que os adversãrios vão ser implacáveis.
Depressa vão recordar o seu primeiro dia do resto das suas vidas...

sábado, setembro 16, 2006

Religiosamente incorrecto...




Embora tivesse uma educação católica, e por ter percebido que a minha condição de vida não correspondia aos cânones, desde cedo estabeleci uma relação singular com ela. Acreditei à minha maneira...
Apesar de não me dizer muito, simpatizava com a figura do João Paulo II, o mesmo não poderei dizer desde senhor que se dá pelo nome de Bento XVI. Acho que a imagem dele é mesmo de Ratzinger e com ele todo o ódio anti-semita.
Vivemos num mundo de pluralidade religiosa, onde todos são livres de praticar o seu culto sem restrições e sem receios, e fiquei particularmente incomodado com as palavras proferidas pelo sr Ratzinger, em que ele não conseguiu esconder um ódio genético. Ele deu a entender que concordava com a tese de muitos cristãos, contestada por muçulmanos, de que os primeiros seguidores de Maomé difundiram a sua religião pela violência. - Ora essa?!?!...e as Cruzadas foram o quê? - A inquisição foi o quê? - Quem é a Igreja católica para falar de violência em nome da religião? Não foi o que fizeram durante séculos?!?
Proferiu palavras como "jihad" e "guerra santa" no seu discurso, e acrescentou que "a violência é incompatível com a natureza de Deus e com a natureza da alma…”, referiu que Maomé só trouxe o mal, "como na sua ordem para difundir pela espada a fé que ele pregava."
Conhecendo o Mundo da sensibilidade religiosa dos muçulmanos, não terá sido uma ofensa propositada? As respostas não se fizeram esperar e já foram registados vandalismos em igrejas, decorrentes destas sábias palavras, e certamente que não irá ficar por aqui. "Já temem pela vida do Papa..." dizem eles...
Para onde a Humanidade está a caminhar?
Que lideres temos nós?
Serão os nossos líderes o nosso reflexo?

quinta-feira, setembro 14, 2006

Memórias de uma Geisha - todos temos memórias...


A curiosidade por este filme foi crescente, pelo que ontem tive a oportunidade de o ver. Muita gente anormal pensa a geisha como uma prostituta de luxo. No entanto o conceito da palavra é totalmente diferente: Gei significa "artes" (como a dança, o canto ou a música), e sha, "pessoa". A geisha é, portanto, uma mulher que tem por função entreter através da arte. Ao contrário de outros filmes "exóticos", o filme "Memórias de uma Geisha" tocou-me pela sua simplicidade na verdade. Propõe-nos inúmeras metáforas simples e profundas, como fazem-no todas as tradições autenticas. Tal como a simbologia da água: "a água é forte, arrasta a terra, apaga o fogo e desgasta o ferro".
Apresenta-nos a metamorfose de uma mulher que renasce mais que uma vez e com estes renascimentos o seu nome e a sua identidade muda: de filha, a escrava, de aprendiz de geisha a geisha, operária e novamente geisha. Embora assuma tantas identidades existe um denominador comum a todas elas: o Amor.
É um filme que nos fala de amores proibidos, de sacrifícios por amor, da distância e acima de tudo da memória.
Acredito que, apesar de sermos tão diferentes da Sayuri, existem momentos, que pela sua crueza e autenticidade, podemo-nos rever nela ainda que por breves segundos.
Imperdível…

quarta-feira, setembro 13, 2006

Simplesmente Pessoa


"O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso, existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis."

Fernando Pessoa

segunda-feira, setembro 11, 2006

Foi há 9 anos...

Após uma noite por discotecas “estranhas” e festas particulares em caves, deitámo-nos cansados esperando ansiosamente por percorrer e conhecer mais desta magnifica cidade.
Acordámos cerca das 10h00, descemos ao café e comemos um muffin e um café de cafeteira. Podia-se repetir o café as vezes que quiséssemos, mesmo sabendo mal - era bom que enchêssemos o estômago pois não sabíamos quando e onde iríamos almoçar. “Que falta me fazia uma bica…” mas mesmo os expressos servidos nestes países são intragáveis…
Pegámos no mapa e ainda nos cruzou o espírito de apanharmos um transporte público, mas queríamos tanto ver TUDO, que optamos por fazer a caminhada a pé – como já era habitual. O calor do mês de Agosto, a humidade deixavam-nos completamente de rastos, mas a emoção de estar ali suplantava todas as dificuldades.
Era uma sensação surreal: o céu deixava-se ver por entre torres de cimento sumptuosas ostentado poder. À medida que descíamos a avenida os prédios eram, visivelmente mais antigos como no West Side Story. As pessoas que se cruzavam connosco eram de todas as raças, etnias e credos, uns mais apressados, outros mais tranquilos. Eis que chegámos à baixa. Os prédios antigos ficaram para trás e á nossa frente magnificas torres que quase tocavam no céu, umas prateadas, outras douradas e outras mais escuras.
Voltámos a pegar no mapa, e após várias tentativas de o orientar para o Norte descobrimos aquilo que queríamos.
Olhámos para o céu e lá estavam aquelas obras soberbas e imponentes construídas pelo Homem.
- Vou ver qual é o preço…venho já!
Tu e a nossa amiga ficaram a aguardar lá fora
- São 10 dólares! Vamos?!....
- Claro! Não fiz esta caminhada só para ficar nas caves!! Quero ir lá acima! – disse ela
- Acho que não vou…- disseste tu
- Vá lá!!! Não sejas parvo! ´Tás com medo?
- Não me sinto à vontade. Fico cá em baixo à vossa espera. Vocês tiram fotografias que eu depois vejo…
- Não é a mesma coisa!!! – retorqui, já entediado. Ok…eu vou.
Eu e a nossa amiga pusemo-nos numa fila de gente: turistas vindo de todo o lado, europeus, chineses, entre outros e envergando máquinas fotográficas de todos os tamanhos e feitios - eu tinha uma descartável... Abriram-nos as malas, passamos no detector de metais e entrámos no elevador. Foram 2 minutos num elevador com capacidade para 20 pessoas.
Quando chegámos ao último andar sentimos o estômago a bater-nos no diafragma pela impulsão da travagem. As portas abriram-se e já havia um grupo de turistas a aguardar pelo nosso elevador. Subimos umas escadas entre atropelos, para se conseguir os melhores lugares para as fotografias e aí estávamos nós no centro do mundo: no último andar do World Trade Center.

Aos anónimos...

A todos aqueles visitantes, que por razões técnicas ou pessoais, não tinham a oportunidade de comentar, permiti a partir de hoje que possam tecer comentários sob anonimato. No entanto, sempre que possível, por favor, identifiquem-se mesmo não tendo registo de blogger, pois torna-se mais fácil responder a alguma comentário dirigido.
E tenham uma boa semana de trabalho...ou lazer!

domingo, setembro 10, 2006

Doce Fim de semana...


Embora este seja um mês que desde a minha infância não me é muito querido - por razões associada ao inicio de um ano de trabalho - tento fazer dele um mês simpático aproveitando e disfrutando dos seus fins de semana.
Mais uma vez o Alentejo foi o destino...

A auto-estrada do sul já não transportava tantos carros, como no mês de Agosto, e depressa cheguei ao meu destino. Buzinei, e os grandes portões abriram-se sózinhos. Onde estavas tu?!? percorri a estrada até à casa e fui alegremente surpreendido por te ver a arranjar os chuveiros da relva. Corri como uma criança para ti. Desta vez não estavamos sós: os teus pais encontravam-se presentes e o nosso comportamento foi muito ensaiado - deviamos nos dedicar ao teatro... Juntou-se a nós a nossa amiga pintora e a tua irmã. Foi um fim de semana muito agradável: conversámos, rimos, dissemos disparates e contemplámos a lua que alumiou as nossas caminhadas. Até fomos às compras a Vendas Novas, ao Intermarché, Lidl e a loja dos chineses. No Internarché até vimos o José Eduardo Moniz a fazer compras p´rá Manela....
Na loja dos chinese descobrimos umas camisolas bem giras e como crianças esperimentámos uma quantas. Decorrentes destes últimos mails a avisar que os chineses agora dedicam-se ao rapto e à colheita de orgãos para transplante, o nosso mote de brincadeira foi "se eu desaparecer, procurem-me nas traseiras da loja, pois vou estar amarrado e prestes a colherem-me os orgãos!!!!". Ao pé de ti comporto-me como uma criança e depressa esqueço que já tenho 34....
O regresso é sempre protelado por algum motivo, ou será porque o sol ainda está quente, ou porque será melhor comer qualquer coisinha antes de nos metermos à estrada. O trânsito ficou completemente entupido a seguir ao Fogueteiro e até à Ponte de 25 de Abril foi a passo de caracol.
Cheguei a casa, ligo-te a dizer que cheguei bem, abro o computador e não consigo resitir à caixa de correio. Surpresa!! Trabalhinho para apresentar amanhã!!! F...! Antes disso, uma volta pelos meus blogs de culto e trabalho vamos a isso!!
Foi um doce fim de semana!
(reparei agora que é a segunda entrada que faço com a palavra doce. A ver vamos se não fico diabético!!!! LOL)

quinta-feira, setembro 07, 2006

Doce impaciencia...

Hoje, mais uma vez, lutei deseperadamente com o despertador, mas as férias já se foram...o trabalho aguarda-me, também não fiz nada de especial, alinhavei o programa de um novo ano de actividades, arquivei papéis, pus mails em dia, li, naveguei pelos sitios do costume e quando me cansei do gabinete fui até à biblioteca. Ainda hoje os espaços como as bibliotecas me assustam: para além do espaço fechado (embora esta seja bastante ampla) o cheiro a mofo dos livros incomodam-me. Requisito 5 livros para consultar, porque não aguento estar ali. Dizem-me que só posso requisitar 4. Olho para todos eles e, por exclusão de partes, selecciono os quatro. Quando chego ao gabinete, apercebo-me que foi precisamente aquele que eu rejeitei que me faz mais falta...não tenho paciencia para lá voltar. Passo pelo bar e bebo um café e fumo o belo do cigarro na esplanada. Embora tivesse um calor abrasador, pensei "já cheira a inverno...". Nestas alturas recordo-me sempre do meu primeiro dia de aulas: a emoção de uma mochila nova (em lona verde), um estojo com lápis, um caderno com uma capa amarela, uma esponja laranja e um "pica". Fiquei muito surpreendido quando uma colega minha me disse que tinha comprado uma esponja e um "pica" para a filha. "Ainda pedem isso na escola?!?!" perguntei... Vá-se lá saber com tantas teorias da aprendizagem e desenvolvimento a emergir e aquilo que se fazia à 25 anos ainda se mantém...quando me falam em modernidades e actualizações só me pergunto se realmente se são postas em prática ou se servem apenas para constarem nos livros e dar visibilidade pública aos autores. Mas isso agora não interessa nada...
Fiquei à espera que chegasses, não sabia o que havia de fazer para o jantar. O teu telefone estava desligado, e assim me mantive até às 21h00. Ligaste, e disseste-me que irias ficar a trabalhar..."já me podias ter dito!...tou aqui à espera que me dissesses alguma coisa!". Fui ao frigorifico e comi uns camarões que sobraram da noite passada. Já não têm sabor nenhum, sabem a frigorifico, nem impregandos com maionese...tou pra ver se vou apanhar uma intoxicação alimentar!! Se assim fôr a culpa é tua!!
Comecei a ficar impaciente, precisava de conversar com alguém hoje. São daqueles estados de ansiedade que se instalam e são uma merda...se gostasse de whiskie, já teria certamente emborcado uma garrafa...quais estratégias de copying, qual qué!! Isso é bom de se dizer aos outros, mas quando nos toca a nós...Será isto a crise dos trintões?!?!
Não há paciência...


All I know
Is everything is not as it's sold
but the more I grow the less I know
And I have lived so many lives
Though I'm not old
And the more I see, the less I grow
The fewer the seeds the more I sow

Then I see you standing there
Wanting more from me
And all I can do is try
Then I see you standing there
Wanting more from me
And all I can do is try

I wish I hadn't seen all of the realness
And all the real people are really not real at all
The more I learn the more I cry
As I say goodbye to the way of life
I thought I had designed for me

Then I see you standing there
Wanting more from me
And all I can do is try
Then I see you standing there
I'm all I'll ever be
But all I can do is try
Try

All of the moments that already passed
We'll try to go back and make them last
All of the things we want each other to be
We never will be
And that's wonderful, and that's life
And that's you, baby
This is me, baby
And we are,
Free
In our love
We are free in our love

Try - Nelly Furtado

E assim vivemos em igualdade....

A noticia já não é nova...mas...

POLÍCIA EXCLUI HOMOSSEXUAIS DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA


“Do ponto de vista jurídico, violência doméstica entre casais homossexuais não existe.” Esta é a interpretação legislativa feita pela Polícia de Segurança Pública (PSP), que recebe queixas de casais homo e heterossexuais nos seus serviços. O Gabinete de Relações Públicas da PSP diz não ter dados sobre estas vítimas, uma vez que as queixas são indexadas às situações de agressão. “Na lei portuguesa, casais são homem e mulher, por isso, do ponto de vista jurídico, não se trata de violência doméstica. Não existem casais homossexuais.”

Rogério Moura, do Conselho Geral da Ordem dos Advogados, envolvido na discussão sobre a revisão do actual Código Penal, explica ao CM que a violência doméstica não está ainda autonomizada. “A revisão vai separá-la dos maus tratos e autonomizá-la como crime. ”

A interpretação origina assim tratamento diferente de um mesmo tipo de vítima. Segundo a PSP, “um homossexual quando se dirige a uma esquadra vítima de violência pelo companheiro é tratado da mesma forma como é tratado um cidadão vítima de agressão”. Nestes casos, o processo depende da queixa da vítima. Nos casos de violência entre heterossexuais, “o processo avança independentemente da vontade da vítima, porque se trata de um crime público”.

NENHUM JUIZ ACEITA

O actual artigo 152 do Código Penal diz, na alínea 2.ª, que a pena de maus tratos é “aplicada a quem infligir ao cônjuge ou a quem com ele conviver em condições análogas às dos cônjuges, maus tratos físicos ou psíquicos”.

O problema dos casais homossexuais está na interpretação da lei. Advogados e magistrados não enquadram as uniões de facto gay nas “condições análogas às dos cônjuges”. “Nenhum juiz faz essa inclusão porque os cônjuges são marido e mulher”, afirma Rogério Moura.

Apesar de no projecto de revisão do Código Penal estar previsto um estatuto específico, as relações entre casais gay continuarão excluídas. “No artigo está prevista a união de facto entre heterossexuais, pelo que parece-me que as relações entre homossexuais vão continuar a cair no crime de ofensas à integridade física, simples ou agravada.”

in Correio da Manhã

Que comentem os meus amigos da àrea do Direito...

terça-feira, setembro 05, 2006

"Não posso dizer que te amo porque estamos na rua..."


Numa noite deste fim de semana, saí à rua à noite para saciar as necessidades fisiológicas do meu fiel companheiro. De referir que o lugar onde moro existe a possibilidade de se encontrarem muitos lugares de estacionamento, pelo que eu já me apercebi que se tornou num ponto de encontro de gente, para depois seguirem num só carro. Num destes passeios vi ao longe um carro a estacionar, pelo que os seus ocupantes, que eram dois homens jovens, não se aperceberam da minha presença, pois encontrava-me atrás a cerca de 20 metros de distancia e a caminhar pausadamente nessa direcção. O que se encontrava no lugar de acompanhante saiu do carro, dirigiu-se e entrou na viatura que se encontrava à frente. Muito apressadamente o condutor saiu do primeiro carro, eu que já me encontrava a cerca de 5 metros, e disse num tom bem perceptível " 'môr...'môr " e de repente quando me vê diz..."Alexandre! Alexandre!".
Na altura agi como se não tivesse ouvido nada e consegui resistir à tentação de olhar para a cara deles. Pensei: "como conheço esse misto de sentimentos: de amor, de embaraço, de esconder, de ocultar..."
Podia ficar aqui a divagar sobre paixões escondidas, de amor proibidos...mas hoje I'm not in the mood...

O que desejei às vezes
Diante do teu olhar,
Diante da tua boca!

Quase que choro de pena
Medindo aquela ansiedade
Pela de hoje - que é tão pouca!

Tão pouca que nem existe!

De tudo quanto nós fomos,
Apenas sei que sou triste.


António Botto

sábado, setembro 02, 2006

Monogamia?... - não obrigado (?!)....


Há duas formas de se enganar:
Uma, acreditar naquilo que não é;
Outra, recusar-se a acreditar naquilo que é.

Kierkegaard


Na nossa sociedade existe a crença hipocrita de um amor monogâmico. Quando se identificam situações de não-monogamia em relacionamentos ditos estáveis, poderemos verificar que o peso do léxico não é muito favorável...e encontramos expressões muito emblemáticas tais como: puta, cabrão, cornos, vadia, cornudo e por aí...A maneira como cada um reage a uma situação de traição - seja no ponto de vista da vitima ou do executante - está sempre relacionado com o seu desenvolvimento pessoal, moral e religioso.
O não saber lidar com determinados sentimentos, sejam eles de atracção por outro ou de vitima cornuda, é não admitir que não temos recursos suficientes para lidar com a situação, e é predestinar o relacionamento ao fracasso, ao vazio e, consequentemente perpetuar às gerações seguintes o modelo falido de parceiros afectivamente distantes e sistemáticamente insatisfeitos.
Obviamente que não existem receitas para relacionamentos duradouros. Mas será que os queremos mesmo?

quinta-feira, agosto 31, 2006

Último dia de férias


Contrariamente ao que tinha planeado, lutei arduamente com o despertador a partir das 9h00, e levantei-me às 12h00. Tinha planeado agarrar-me ao computador a concluir uns trabalhinhos pendentes, para os poder apresentar no primeiro dia de trabalho - amanhã...aliás hoje!
O pequeno almoço foi uma Coca-cola, completamente desprovida de gaz e um cigarro, e a seguir fui levar o meu fiel companheiro à rua para as suas necessidades fisiológicas. Se não fosse o cão, certamente, haveria dias que não saia de casa. Quando estou em casa para começar a trabalhar tenho que me distrair um pouco, portanto ligo a televisão e faço aquilo que mais gosto: zapping. Acabo por não ver nada, e consigo ficar nesta actividade tempos intermináveis. Consigo parar de vez em quando naqueles programas QUE NINGUEM VÊ (!).
Ligo o PC, após esta actividade intensa, e vagueio pelos blogs habituais, saco umas musicas e quando me apercebo das horas nem quero acreditar no tempo que perdi1!!
Como não podia deixar de ser fui ao ginásio para terminar a tarde. è incrivel a quantidade de atrasados mentais que frequentam estes espaços. Ouvem-se conversas que não lembram a ninguém: gajas, futebol e proteinas! Quer dizer não me lembram a mim, mas aos restantes senhores è o expoente máximo da cultura erudita dos portugueses - dos muito machos, entenda-se...
Janto e finalmente começo a trabalhar..."Merda! o MSN ficou ligado!" Tenho que o desligar porque assim não consigo nada! Conversa de merda atrás de conversa de merda: "onde é que foram as férias?", "gastaste muito dinheiro?" e "quando é que começas a trabalhar?"..."- olha tenho que ir ali ao telefone...venho já!", e airosamente desligo o MSN e começo a trabalhar. Já li, re-li, rescrevi os relatorios um colhão de vezes e fico sempre com a sensação de faltar qualquer coisa...tenho que descançar...uma volta pelos blogs e aqui estou eu a escrever às 0h40, e a pensar que tenho de voltar a pegar no trabalho outra vez e a seguir dar uma limpeza à casa porque os meus pais vêm me visitar e não quero que eles vejam a imundice que está a cozinha.
O dia estava muito bem planeado...mas nem sempre o que se planeia se concretiza!...