sábado, setembro 30, 2006

Não dou conta do trabalho...


Este fim de semana mais parece uma semana de trabalho...não dou conta de tudo...no entanto, vou tentando agarrar-me a algumas máximas...

"Um poeta escreve poesia. Um poeta da vida vive a vida como uma poesia."
A. Cury, in A Saga de um Pensador
(.....Nuno Thinker, esta é para ti!!lololoololol)


Trabalho = Poesia?!?!?!!?!?
- não obrigado.

quarta-feira, setembro 27, 2006

Resultado de estudos baseados em evidência sobre o aquecimento global


Hoje apetece-me parvar...o dia perfeito para mim esta semana teria que ter mais de 24 horas para poder dar resposta a tudo o que me aparece pela frente. Saber dizer NÃO é uma competência que ainda não consegui desenvolver...e assim, o trabalho vai crescendo, crescendo ficando pouco tempo para dedicar às minhas coisas.
Isto da Internet veio melhorar o acesso à informação, mas em contrapartida já não há desculpa para não se fazerem uns trabalhinhos em casa...
Espero, contudo, que no fim de semana possa descansar e acabar de reviver o passado...

domingo, setembro 24, 2006

Amores revisitados...Parte III


Sempre que chegava da faculdade, a primeira pergunta que fazia assim que entrava em casa era se alguém tinha ligado para mim. Este tipo de comportamento levava a que a minha mãe partisse logo do princípio que estava à espera de uma chamada em particular. Este ritual de perguntas durou até sexta-feira quando durante o jantar o telefone tocou. Era o Filipe! Perguntou se eu estava interessado em ir ao cinema nesse mesmo dia à sessão da meia-noite. O filme ainda não sabia qual era, mas respondi imediatamente que sim.
Não consegui esconder o comportamento excitado, que a minha mãe me perguntou se era esse o telefonema que eu estava à espera…obviamente que ficou sem resposta…
Cheguei ao Cais do Sodré cerca das onze horas da noite, lá estava o carro desportivo vermelho à minha espera. Cumprimentámo-nos com um aperto de mão muito masculino e seguimos em direcção ao Quarteto. Fomos ver “A idade da Inocência” com a Michelle Pfeifer e o Jeromy Irons, que tinha estreado na semana anterior. Ainda hoje, quando vejo determinadas cenas me recordo de comentários que trocámos sobre o amor.
A seguir nada aconteceu. Mais uma vez frustrado pelos meus planos não terem correspondido ao imaginado, mas enfim…fui me convencendo que era um namoro à antiga, com muita vergonha e muito amor platónico. Eu devia ter , ainda, a idade da inocência… Continuámos a encontrarmo-nos com mais regularidade para beber café, a seguir aos seus ensaios e falávamos muito sobre sentimentos, enganos, amores passados, coisas serias e menos sérias, mas a minha vontade era sufocar-lhe a respiração com um beijo naquele sorriso que me punha doido.
O ritual de irmos ao cinema e depois cada um para sua casa (eu pelo menos na minha…) foi-se mantendo, durante umas semanas. Como me ausentei da noite os telefonemas iam chovendo por parte de amigos, no sentido de saberem o que se passava comigo. Depressa me aconselharam a não ter muitas esperanças, pois “bom como ele era” devia ser uma grande puta…
A peça estreou, e durante a primeira semana de exibição, muito honrosamente, foi-me oferecido um bilhete para a assistir.
Foi num domingo chuvoso que me dirigi ao Teatro D Maria, e lá fui assistir à peça de teatro da pessoa que protagonizava os meus sonhos e fantasias sexuais.
Desapontado com o seu escasso desempenho, fiquei surpreendido com a personagem, uma vez que o Filipe me falava que era uma pessoa nobre, simpática, afável, e no final de contas era um mordomo cuja intervenção se limitou a meia dúzia de deixas durante toda a peça, sem um papel determinante do desenrolar da intriga. Mas isso era secundário, eu gostava era do actor e não personagem. Pensei que esse tipo de sentimentos que se desenvolvem com as personagens que os actores interpretam era uma coisa blazet dos artistas...
No fim da peça saímos os dois juntos, e reparei que ele tinha um brilho diferente. Olhei com mais atenção, cuja discrição não foi exemplar, e notei que ele ainda não tinha retirado a base da maquilhagem. Como o Filipe reparou no meu olhar atento, de alguma forma ficou embaraçado, e disse que por vezes não retirava a maquilhagem por questões de vaidade…uma faceta que eu até então desconhecia.
Entrámos naquele magnifico carro vermelho e ele disse:
- Vamos ver o mar…
Com aquela chuva toda não me pareceu muito boa ideia, mas ao pé dele tudo faria qualquer sentido.
Dirigimo-nos pela marginal, e conversámos sobre a peça. A determinada altura o Filipe pousa a mão sobre a minha perna e sorri para mim. Se por um lado fiquei em êxtase, por outro não sabia, estupidamente, como corresponder a esse gesto adequadamente, sem perturbar a condução! …o piso estava muito escorregadio...
Parámos numa das praias da linha. O estacionamento estava deserto, ao contrário de outras noites que são verdadeiros locais de engate.
A chuva tinha parado...
- Vamos respirar o cheiro do mar…
Eu saí, obedecendo de imediato àquela ordem celestial.
- Sabes uma coisa? – disse o Filipe - eu já morri aqui…
- O quê?!?!....Não percebo!
- Foi uma personagem minha….que morreu neste mesmo sitio.
Fiquei mais descansado, pois não estava a perceber o sentido das suas palavras.
Eu fiquei a olhar o mar que estava muito revolto e ao longe conseguia ver o Cabo Espichel, cujo luz alumiava as minhas fantasias. O cheiro do mar, por sua vez, confundia-se com o cheiro da terra causado pela chuva.
O Filipe coloca-se à minha frente e deixa-se encostar. Correspondendo àquele movimento, abracei-o por detrás e apertei-o com força. Não consegui esconder a minha inevitável excitação e o Filipe apercebeu-se disso. Virou-se para mim e procurou os meus lábios com a sua boca. Beijámo-nos profundamente contra o carro. Os beijos eram cada vez mais molhados, isto porque a chuva regressou de novo.
Entrámos no carro com alguma rapidez, e os beijos continuaram. Senti o seu cheiro: usava Azzaro. Ainda hoje consigo associar esse cheiro à sua pessoa.
As nossas mãos percorriam os nossos corpos. Ele reclinou o banco e eu coloquei-me por cima, e continuamo-nos a beijar. Estivemos nisto durante uma hora e lá fora chovia torrencialmente. Vim a saber no dia seguinte, pela minha mãe, que tinha havido cheias em Lisboa, nessa noite, e que muita gente tinha ficado desalojada. Eu pensei: “podia ter caído o mundo que eu não tinha dado por isso”…
Os beijos e os jogos de língua mantiveram-se e a determinada altura ele disse:
- Tenho uma festa de anos, de um amigo meu, e fiquei de lá ir…Eu disse-lhe que estava contigo e ele disse para ires também…

quarta-feira, setembro 20, 2006

Amores revisitados...Parte II

Era uma segunda-feira solarenga de Outubro, esperei ansiosamente pelas 15h00 e lá fui apanhar o metro a Entrecampos com destino ao Rossio. Dirigi-me à entrada dos actores do Teatro D. Maria e disse que o Sr Filipe estava a aguardar por mim. Um senhor com ar boçal e barrigudo faz um telefonema e em menos de 5 minutos aparece o Filipe, com aquele, maravilhoso sorriso e acena-me com a mão.
Dirigi-me a ele completamente deslumbrado com toda a situação, descemos umas escadas, atravessamos uns corredores e entramos num bar, que eu creio não ser de acesso ao público geral, em que estavam actores e actrizes bem conhecidos do nosso teatro. Os comentários fizeram-se sentir quando entrámos: olhares indiscretos acompanhados de sussurros e segredos. Houve até quem o chamou à parte e percebi que lhe fizeram a pergunta de quem seria eu, uma vez que ouvi a resposta “É um amigo…”, e um olhar rasgado de um sorriso deixou transparecer cumplicidade na aceitação da resposta.
Bebemos um café e falámos durante meia hora, sobre as nossas vidas, os nossos interesses, filmes enfim tudo mas nada em geral. Fomos sistematicamente interrompidos por pessoas que o iam cumprimentar deliberadamente para me poderem observar bem.
Assentámos que o Filipe me iria ligar na quarta-feira para combinarmos uma saída no fim-de-semana. Despedimo-nos e aquele sorriso começava a ser cada vez mais bonito e começou a ficar cada vez mais preso aos meus pensamentos.
Quarta-feira, tal como havia combinado, telefonou-me de uma cabine pública para sairmos sexta-feira. Fiquei radiante, mas ao mesmo tempo irritado porque não seria antes na quinta-feira. Mas que interessava era sairmos. Combinámos, então, encontrarmo-nos na Brasileira.
Assim foi...
O início da noite começava na Brasileira. Era o início da feira das vaidades, uma verdadeira mostra de alta-costura e as tendências da moda. Eu divertia-me de ver aquelas tontas a desfilarem para cima e para baixo na esperança de chamar a atenção de quem procurava o prazer de beber um café, ou simplesmente procurava companhia para passar a noite. Pode-se dizer, mesmo, que o engate da noite começava ali.
Os meus olhos percorriam a Rua Garret na esperança de encontrar o sorriso que me acompanhava antes de adormecer. Eis que por detrás de um artista de rua que tocava trompete aparece ele.
O Filipe bebeu um café e conversamos sobre amores passados. Fiquei a saber que tinha tido um namorado que tinha sido assassinado, após terem acabado, decorrente de um “engate mal feito”…uma história tétrica. O tempo foi passando e dirigimo-nos ao Frágil. Como sempre estava a abarrotar pelas costuras. Como era tradição toda a gente que entrasse no Frágil tinha que passar sempre pelo lado esquerdo – oposto à pista – para ver quem estava e com quem estava…O cumprimentos habituais, muitos deles de gente sem interesse nenhum, mas nestas lides há que manter uma determinada pose e ser-se muito fingido e fútil…Encostados às paredes e a uma pá de uma hélice que aí havia, homens segredavam aos ouvidos uns dos outros tocando os lábios nas orelhas dos parceiros, outros iam bebendo desmedidamente, as mulheres com cabelos muito artísticos de todas as cores e feitios.
Fomos para a pista. Vivia-se moda da dança da almôndega. Moda, essa, que o Manuel Reis – dono do Frágil – tinha proibido, e quem o fizesse era convidado a sair. A almôndega era um comboio de gente cujos corpos se colavam e as mãos percorriam o que quisesse. Não interessava se era homem ou mulher, o que interessava era que todos dançassem colados uns aos outros ao mesmo ritmo. Não entrámos na almôndega, ficamos encostados a ver a cena. Ocasionalmente dançávamos quando a musica era mais apetecível. Recordo com grande prazer desse tempo os Stereo MC’s com o “Connected”. Não conversámos muito, bebi água e ele um cerveja. Começou a queixar-se que estava cansado e que tinha de se ir deitar e perguntou-me se eu queria que ele me deixasse nalgum lado.
Foi a minha primeira grande decepção. Que grande tampa!! Como não queria que ele pensasse que eu iria ficar no engate, pedi-lhe que me deixasse no Cais do Sodré, para apanhar o barco para ir para casa. Assim foi.
A minha primeira noite com o Filipe terminava às duas da manha. Eu não queria acreditar. Durante tanto tempo, seria a primeira vez que ia para casa tão cedo.
Foram por agua abaixo, fantasias, desejos e ilusões de uma noite. “Que se lixe!” pensei, “pelo menos saí uma vez com ele”, tentando assim conformar-me com aquele desfecho de noite.
As esperanças reacenderam-se quando nos despedimos e ele perguntou: ”posso ligar-te durante a semana?”….

terça-feira, setembro 19, 2006

Amores revisitados...Parte I

Tinha descoberto a noite de Lisboa, com 21 anos, a caminho dos 22, e estava no último ano da faculdade. Conheci as pessoas certas que me introduziram aos lugares certos.
Era a loucura total: a noite começava à quinta-feira e terminava no domingo à tarde. O início da semana era acompanhado por uma depressão que ansiava pela quinta-feira.
Eram tempos em que o Frágil era Frágil e o Alcântara era passagem obrigatória e o Kremlin o começar do dia.
Conheci o Filipe (nome fictício pelas razões que irão perceber) no Frágil, era namorado de um primo deste meu amigo, e andava pelas bocas do mundo uma vez que era actor e tinha sido protagonista num filme que ainda teve algum sucesso. O Filipe tinha então 27 anos, moreno, cabelo preto, um sorriso enternecedor e uma voz grave e imponente. Obviamente que quando o conheci não estava nos meus planos apaixonar-me por ele, dado que era uma pessoa famosa e certamente nunca se iria interessar por um universitário, que não vestia roupa de marca e que ainda dependia economicamente dos pais.
Passaram-se algumas semanas e numa dessas saídas, não me recordo se sexta se sábado, fui sair com este meu amigo. O ponto de encontro foi em Cacilhas ás 23h30.
Não queria acreditar naquilo que estava a ver: trazia uma túnica branca, com muitos colares do género hare krishna e trazia os lábios pintados de uma cor térrea… pensei ”Meu Deus, para o que eu estava guardado…isto não me está a acontecer…”.
No meio da decepção da imagem dantesca que eu tinha observado, ele disse “Vamos ter com o Filipe ao Keops que ele acabou com o meu primo!”. Eu, inocentemente, ainda perguntei quando é que tinha acontecido e pelos vistos já fazia algum tempo. A ideia de ir ter com o Filipe foi como uma agradável compensação, e um arrepio por ir ter com ele. Não propriamente por fantasiar a respeito dele, mas sim pelo facto de acompanhar uma pessoa celebre do meio artístico. Achei que assim toda a gente iria reparar em mim…como se eu precisasse! Com 1, 90 não passava despercebido em lado nenhum…
Lá fomos então.
Entrámos no Keops, fomos cumprimentados pelo dono, que era espanhol, e lá estava o Filipe, encostado a uma parede, a aguardar por nós. Cumprimentámo-nos e aquele sorriso naquela noite pareceu-me mais bonito, tal como nos encontros seguintes. O seu sorriso era sempre mais bonito cada vez que o via…
Do Keops, fomos ao Frágil, Trumps e depois o Alcântara. Não sei como é nos dias de hoje, mas o Alcântara de então revestia-se de uma mística especial: gente bonita, interessante, gente do mundo da moda das artes, numa feira de vaidades com roupas de criadores…nem sei. Acho que ainda não encontrei as palavras que descrevam o Alcântara de então. Era mágico...tudo acontecia lá…mesmo!
Estávamos no privado - espaço com musica cujos decibéis permitem estabelecer uma conversa – e o Filipe segreda o meu amigo, e os dois sorriem para mim. Fingindo-me de incomodado perguntei o que se passava, ao que o meu amigo responde que “ele acha-te muito engraçado…”. Não podia ser real! Um elogio daquele pedaço de homem que era cobiçado por meia Lisboa, não podia ser verdade!!! Mas foi! Esta noite terminou com um pequeno-almoço na pastelaria Suiça, com o meu amigo contrariado por não termos ido à missa das sete na Basílica da Estrela naquela triste figura…era louco! Hoje penso que ele dava na coca…
Trocámos os números de telefone, e gerou-se ali uma cumplicidade, um cortejo de forma subtil, mas tudo num ambiente muito romântico. Fiquei de ir ter com ele ao Teatro D. Maria, para bebermos café na segunda-feira seguinte, pois estava em ensaios para uma peça que iria estrear dali por duas semanas.
Lá fui…

segunda-feira, setembro 18, 2006

O primeiro dia do resto da vida deles…


Primeiro dia de matriculas do ensino superior após as listagens e colocações emitidas pelo MCES.

Parecem cada vez mais novos: são denunciados pelas suas faces ainda imberbes e pelos corpos pouco desenvolvidos. São fruto da geração Pokemon e ainda devem recordar-se da Ana Malhoa, na versão virginal, aos sábados na SIC no "Buerere".
Vêm de todo o lado, com olhares inseguros e com uma alegria não manifesta pelo receio da recepção aos caloiros. Uns vêm sozinhos outros com os pais e namorados. Vêm entrar num mundo novo, para o qual desconhecem as regras do jogo, mas sabem que são jogadores e, como todos os jogos, vão ter que usar todos os recursos para poderem ser vencedores – uns mais lícitos que outros…
Os mais velhos fazem questão de fazer a vénia aos professores e, de alguma forma, mostrar a estes seres “inferiores” a sua proximidade com o poder vigente.
Saem do edifício completamente irreconhecíveis, após a matrícula, com perfumes que afastam qualquer ser vivo das redondezas. São os novos caloiros. São tratados com um carinhoso desprezo e ao mesmo tempo referem-se a eles como se da peste bubónica se tratasse. Rituais de integração e socialização incompreensíveis para quem nunca frequentou estes meios.
Estes caloiros vêm com sonhos de vida, projectos futuros, frustrações por não terem entrado na sua primeira opção, expectativas familiares mas desconhecem o futuro incerto que os espera.
Que tenham boa sorte no jogo...que os adversãrios vão ser implacáveis.
Depressa vão recordar o seu primeiro dia do resto das suas vidas...

sábado, setembro 16, 2006

Religiosamente incorrecto...




Embora tivesse uma educação católica, e por ter percebido que a minha condição de vida não correspondia aos cânones, desde cedo estabeleci uma relação singular com ela. Acreditei à minha maneira...
Apesar de não me dizer muito, simpatizava com a figura do João Paulo II, o mesmo não poderei dizer desde senhor que se dá pelo nome de Bento XVI. Acho que a imagem dele é mesmo de Ratzinger e com ele todo o ódio anti-semita.
Vivemos num mundo de pluralidade religiosa, onde todos são livres de praticar o seu culto sem restrições e sem receios, e fiquei particularmente incomodado com as palavras proferidas pelo sr Ratzinger, em que ele não conseguiu esconder um ódio genético. Ele deu a entender que concordava com a tese de muitos cristãos, contestada por muçulmanos, de que os primeiros seguidores de Maomé difundiram a sua religião pela violência. - Ora essa?!?!...e as Cruzadas foram o quê? - A inquisição foi o quê? - Quem é a Igreja católica para falar de violência em nome da religião? Não foi o que fizeram durante séculos?!?
Proferiu palavras como "jihad" e "guerra santa" no seu discurso, e acrescentou que "a violência é incompatível com a natureza de Deus e com a natureza da alma…”, referiu que Maomé só trouxe o mal, "como na sua ordem para difundir pela espada a fé que ele pregava."
Conhecendo o Mundo da sensibilidade religiosa dos muçulmanos, não terá sido uma ofensa propositada? As respostas não se fizeram esperar e já foram registados vandalismos em igrejas, decorrentes destas sábias palavras, e certamente que não irá ficar por aqui. "Já temem pela vida do Papa..." dizem eles...
Para onde a Humanidade está a caminhar?
Que lideres temos nós?
Serão os nossos líderes o nosso reflexo?

quinta-feira, setembro 14, 2006

Memórias de uma Geisha - todos temos memórias...


A curiosidade por este filme foi crescente, pelo que ontem tive a oportunidade de o ver. Muita gente anormal pensa a geisha como uma prostituta de luxo. No entanto o conceito da palavra é totalmente diferente: Gei significa "artes" (como a dança, o canto ou a música), e sha, "pessoa". A geisha é, portanto, uma mulher que tem por função entreter através da arte. Ao contrário de outros filmes "exóticos", o filme "Memórias de uma Geisha" tocou-me pela sua simplicidade na verdade. Propõe-nos inúmeras metáforas simples e profundas, como fazem-no todas as tradições autenticas. Tal como a simbologia da água: "a água é forte, arrasta a terra, apaga o fogo e desgasta o ferro".
Apresenta-nos a metamorfose de uma mulher que renasce mais que uma vez e com estes renascimentos o seu nome e a sua identidade muda: de filha, a escrava, de aprendiz de geisha a geisha, operária e novamente geisha. Embora assuma tantas identidades existe um denominador comum a todas elas: o Amor.
É um filme que nos fala de amores proibidos, de sacrifícios por amor, da distância e acima de tudo da memória.
Acredito que, apesar de sermos tão diferentes da Sayuri, existem momentos, que pela sua crueza e autenticidade, podemo-nos rever nela ainda que por breves segundos.
Imperdível…

quarta-feira, setembro 13, 2006

Simplesmente Pessoa


"O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso, existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis."

Fernando Pessoa

segunda-feira, setembro 11, 2006

Foi há 9 anos...

Após uma noite por discotecas “estranhas” e festas particulares em caves, deitámo-nos cansados esperando ansiosamente por percorrer e conhecer mais desta magnifica cidade.
Acordámos cerca das 10h00, descemos ao café e comemos um muffin e um café de cafeteira. Podia-se repetir o café as vezes que quiséssemos, mesmo sabendo mal - era bom que enchêssemos o estômago pois não sabíamos quando e onde iríamos almoçar. “Que falta me fazia uma bica…” mas mesmo os expressos servidos nestes países são intragáveis…
Pegámos no mapa e ainda nos cruzou o espírito de apanharmos um transporte público, mas queríamos tanto ver TUDO, que optamos por fazer a caminhada a pé – como já era habitual. O calor do mês de Agosto, a humidade deixavam-nos completamente de rastos, mas a emoção de estar ali suplantava todas as dificuldades.
Era uma sensação surreal: o céu deixava-se ver por entre torres de cimento sumptuosas ostentado poder. À medida que descíamos a avenida os prédios eram, visivelmente mais antigos como no West Side Story. As pessoas que se cruzavam connosco eram de todas as raças, etnias e credos, uns mais apressados, outros mais tranquilos. Eis que chegámos à baixa. Os prédios antigos ficaram para trás e á nossa frente magnificas torres que quase tocavam no céu, umas prateadas, outras douradas e outras mais escuras.
Voltámos a pegar no mapa, e após várias tentativas de o orientar para o Norte descobrimos aquilo que queríamos.
Olhámos para o céu e lá estavam aquelas obras soberbas e imponentes construídas pelo Homem.
- Vou ver qual é o preço…venho já!
Tu e a nossa amiga ficaram a aguardar lá fora
- São 10 dólares! Vamos?!....
- Claro! Não fiz esta caminhada só para ficar nas caves!! Quero ir lá acima! – disse ela
- Acho que não vou…- disseste tu
- Vá lá!!! Não sejas parvo! ´Tás com medo?
- Não me sinto à vontade. Fico cá em baixo à vossa espera. Vocês tiram fotografias que eu depois vejo…
- Não é a mesma coisa!!! – retorqui, já entediado. Ok…eu vou.
Eu e a nossa amiga pusemo-nos numa fila de gente: turistas vindo de todo o lado, europeus, chineses, entre outros e envergando máquinas fotográficas de todos os tamanhos e feitios - eu tinha uma descartável... Abriram-nos as malas, passamos no detector de metais e entrámos no elevador. Foram 2 minutos num elevador com capacidade para 20 pessoas.
Quando chegámos ao último andar sentimos o estômago a bater-nos no diafragma pela impulsão da travagem. As portas abriram-se e já havia um grupo de turistas a aguardar pelo nosso elevador. Subimos umas escadas entre atropelos, para se conseguir os melhores lugares para as fotografias e aí estávamos nós no centro do mundo: no último andar do World Trade Center.

Aos anónimos...

A todos aqueles visitantes, que por razões técnicas ou pessoais, não tinham a oportunidade de comentar, permiti a partir de hoje que possam tecer comentários sob anonimato. No entanto, sempre que possível, por favor, identifiquem-se mesmo não tendo registo de blogger, pois torna-se mais fácil responder a alguma comentário dirigido.
E tenham uma boa semana de trabalho...ou lazer!

domingo, setembro 10, 2006

Doce Fim de semana...


Embora este seja um mês que desde a minha infância não me é muito querido - por razões associada ao inicio de um ano de trabalho - tento fazer dele um mês simpático aproveitando e disfrutando dos seus fins de semana.
Mais uma vez o Alentejo foi o destino...

A auto-estrada do sul já não transportava tantos carros, como no mês de Agosto, e depressa cheguei ao meu destino. Buzinei, e os grandes portões abriram-se sózinhos. Onde estavas tu?!? percorri a estrada até à casa e fui alegremente surpreendido por te ver a arranjar os chuveiros da relva. Corri como uma criança para ti. Desta vez não estavamos sós: os teus pais encontravam-se presentes e o nosso comportamento foi muito ensaiado - deviamos nos dedicar ao teatro... Juntou-se a nós a nossa amiga pintora e a tua irmã. Foi um fim de semana muito agradável: conversámos, rimos, dissemos disparates e contemplámos a lua que alumiou as nossas caminhadas. Até fomos às compras a Vendas Novas, ao Intermarché, Lidl e a loja dos chineses. No Internarché até vimos o José Eduardo Moniz a fazer compras p´rá Manela....
Na loja dos chinese descobrimos umas camisolas bem giras e como crianças esperimentámos uma quantas. Decorrentes destes últimos mails a avisar que os chineses agora dedicam-se ao rapto e à colheita de orgãos para transplante, o nosso mote de brincadeira foi "se eu desaparecer, procurem-me nas traseiras da loja, pois vou estar amarrado e prestes a colherem-me os orgãos!!!!". Ao pé de ti comporto-me como uma criança e depressa esqueço que já tenho 34....
O regresso é sempre protelado por algum motivo, ou será porque o sol ainda está quente, ou porque será melhor comer qualquer coisinha antes de nos metermos à estrada. O trânsito ficou completemente entupido a seguir ao Fogueteiro e até à Ponte de 25 de Abril foi a passo de caracol.
Cheguei a casa, ligo-te a dizer que cheguei bem, abro o computador e não consigo resitir à caixa de correio. Surpresa!! Trabalhinho para apresentar amanhã!!! F...! Antes disso, uma volta pelos meus blogs de culto e trabalho vamos a isso!!
Foi um doce fim de semana!
(reparei agora que é a segunda entrada que faço com a palavra doce. A ver vamos se não fico diabético!!!! LOL)

quinta-feira, setembro 07, 2006

Doce impaciencia...

Hoje, mais uma vez, lutei deseperadamente com o despertador, mas as férias já se foram...o trabalho aguarda-me, também não fiz nada de especial, alinhavei o programa de um novo ano de actividades, arquivei papéis, pus mails em dia, li, naveguei pelos sitios do costume e quando me cansei do gabinete fui até à biblioteca. Ainda hoje os espaços como as bibliotecas me assustam: para além do espaço fechado (embora esta seja bastante ampla) o cheiro a mofo dos livros incomodam-me. Requisito 5 livros para consultar, porque não aguento estar ali. Dizem-me que só posso requisitar 4. Olho para todos eles e, por exclusão de partes, selecciono os quatro. Quando chego ao gabinete, apercebo-me que foi precisamente aquele que eu rejeitei que me faz mais falta...não tenho paciencia para lá voltar. Passo pelo bar e bebo um café e fumo o belo do cigarro na esplanada. Embora tivesse um calor abrasador, pensei "já cheira a inverno...". Nestas alturas recordo-me sempre do meu primeiro dia de aulas: a emoção de uma mochila nova (em lona verde), um estojo com lápis, um caderno com uma capa amarela, uma esponja laranja e um "pica". Fiquei muito surpreendido quando uma colega minha me disse que tinha comprado uma esponja e um "pica" para a filha. "Ainda pedem isso na escola?!?!" perguntei... Vá-se lá saber com tantas teorias da aprendizagem e desenvolvimento a emergir e aquilo que se fazia à 25 anos ainda se mantém...quando me falam em modernidades e actualizações só me pergunto se realmente se são postas em prática ou se servem apenas para constarem nos livros e dar visibilidade pública aos autores. Mas isso agora não interessa nada...
Fiquei à espera que chegasses, não sabia o que havia de fazer para o jantar. O teu telefone estava desligado, e assim me mantive até às 21h00. Ligaste, e disseste-me que irias ficar a trabalhar..."já me podias ter dito!...tou aqui à espera que me dissesses alguma coisa!". Fui ao frigorifico e comi uns camarões que sobraram da noite passada. Já não têm sabor nenhum, sabem a frigorifico, nem impregandos com maionese...tou pra ver se vou apanhar uma intoxicação alimentar!! Se assim fôr a culpa é tua!!
Comecei a ficar impaciente, precisava de conversar com alguém hoje. São daqueles estados de ansiedade que se instalam e são uma merda...se gostasse de whiskie, já teria certamente emborcado uma garrafa...quais estratégias de copying, qual qué!! Isso é bom de se dizer aos outros, mas quando nos toca a nós...Será isto a crise dos trintões?!?!
Não há paciência...


All I know
Is everything is not as it's sold
but the more I grow the less I know
And I have lived so many lives
Though I'm not old
And the more I see, the less I grow
The fewer the seeds the more I sow

Then I see you standing there
Wanting more from me
And all I can do is try
Then I see you standing there
Wanting more from me
And all I can do is try

I wish I hadn't seen all of the realness
And all the real people are really not real at all
The more I learn the more I cry
As I say goodbye to the way of life
I thought I had designed for me

Then I see you standing there
Wanting more from me
And all I can do is try
Then I see you standing there
I'm all I'll ever be
But all I can do is try
Try

All of the moments that already passed
We'll try to go back and make them last
All of the things we want each other to be
We never will be
And that's wonderful, and that's life
And that's you, baby
This is me, baby
And we are,
Free
In our love
We are free in our love

Try - Nelly Furtado

E assim vivemos em igualdade....

A noticia já não é nova...mas...

POLÍCIA EXCLUI HOMOSSEXUAIS DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA


“Do ponto de vista jurídico, violência doméstica entre casais homossexuais não existe.” Esta é a interpretação legislativa feita pela Polícia de Segurança Pública (PSP), que recebe queixas de casais homo e heterossexuais nos seus serviços. O Gabinete de Relações Públicas da PSP diz não ter dados sobre estas vítimas, uma vez que as queixas são indexadas às situações de agressão. “Na lei portuguesa, casais são homem e mulher, por isso, do ponto de vista jurídico, não se trata de violência doméstica. Não existem casais homossexuais.”

Rogério Moura, do Conselho Geral da Ordem dos Advogados, envolvido na discussão sobre a revisão do actual Código Penal, explica ao CM que a violência doméstica não está ainda autonomizada. “A revisão vai separá-la dos maus tratos e autonomizá-la como crime. ”

A interpretação origina assim tratamento diferente de um mesmo tipo de vítima. Segundo a PSP, “um homossexual quando se dirige a uma esquadra vítima de violência pelo companheiro é tratado da mesma forma como é tratado um cidadão vítima de agressão”. Nestes casos, o processo depende da queixa da vítima. Nos casos de violência entre heterossexuais, “o processo avança independentemente da vontade da vítima, porque se trata de um crime público”.

NENHUM JUIZ ACEITA

O actual artigo 152 do Código Penal diz, na alínea 2.ª, que a pena de maus tratos é “aplicada a quem infligir ao cônjuge ou a quem com ele conviver em condições análogas às dos cônjuges, maus tratos físicos ou psíquicos”.

O problema dos casais homossexuais está na interpretação da lei. Advogados e magistrados não enquadram as uniões de facto gay nas “condições análogas às dos cônjuges”. “Nenhum juiz faz essa inclusão porque os cônjuges são marido e mulher”, afirma Rogério Moura.

Apesar de no projecto de revisão do Código Penal estar previsto um estatuto específico, as relações entre casais gay continuarão excluídas. “No artigo está prevista a união de facto entre heterossexuais, pelo que parece-me que as relações entre homossexuais vão continuar a cair no crime de ofensas à integridade física, simples ou agravada.”

in Correio da Manhã

Que comentem os meus amigos da àrea do Direito...

terça-feira, setembro 05, 2006

"Não posso dizer que te amo porque estamos na rua..."


Numa noite deste fim de semana, saí à rua à noite para saciar as necessidades fisiológicas do meu fiel companheiro. De referir que o lugar onde moro existe a possibilidade de se encontrarem muitos lugares de estacionamento, pelo que eu já me apercebi que se tornou num ponto de encontro de gente, para depois seguirem num só carro. Num destes passeios vi ao longe um carro a estacionar, pelo que os seus ocupantes, que eram dois homens jovens, não se aperceberam da minha presença, pois encontrava-me atrás a cerca de 20 metros de distancia e a caminhar pausadamente nessa direcção. O que se encontrava no lugar de acompanhante saiu do carro, dirigiu-se e entrou na viatura que se encontrava à frente. Muito apressadamente o condutor saiu do primeiro carro, eu que já me encontrava a cerca de 5 metros, e disse num tom bem perceptível " 'môr...'môr " e de repente quando me vê diz..."Alexandre! Alexandre!".
Na altura agi como se não tivesse ouvido nada e consegui resistir à tentação de olhar para a cara deles. Pensei: "como conheço esse misto de sentimentos: de amor, de embaraço, de esconder, de ocultar..."
Podia ficar aqui a divagar sobre paixões escondidas, de amor proibidos...mas hoje I'm not in the mood...

O que desejei às vezes
Diante do teu olhar,
Diante da tua boca!

Quase que choro de pena
Medindo aquela ansiedade
Pela de hoje - que é tão pouca!

Tão pouca que nem existe!

De tudo quanto nós fomos,
Apenas sei que sou triste.


António Botto

sábado, setembro 02, 2006

Monogamia?... - não obrigado (?!)....


Há duas formas de se enganar:
Uma, acreditar naquilo que não é;
Outra, recusar-se a acreditar naquilo que é.

Kierkegaard


Na nossa sociedade existe a crença hipocrita de um amor monogâmico. Quando se identificam situações de não-monogamia em relacionamentos ditos estáveis, poderemos verificar que o peso do léxico não é muito favorável...e encontramos expressões muito emblemáticas tais como: puta, cabrão, cornos, vadia, cornudo e por aí...A maneira como cada um reage a uma situação de traição - seja no ponto de vista da vitima ou do executante - está sempre relacionado com o seu desenvolvimento pessoal, moral e religioso.
O não saber lidar com determinados sentimentos, sejam eles de atracção por outro ou de vitima cornuda, é não admitir que não temos recursos suficientes para lidar com a situação, e é predestinar o relacionamento ao fracasso, ao vazio e, consequentemente perpetuar às gerações seguintes o modelo falido de parceiros afectivamente distantes e sistemáticamente insatisfeitos.
Obviamente que não existem receitas para relacionamentos duradouros. Mas será que os queremos mesmo?