domingo, novembro 11, 2007

Fim de semana para esquecer e para recordar...

Fim de semana de nostalgia. No inicio da semana comprei um brinquedo novo: um gravador DVD, que serviu de terapia ocupacional aos últimos acontecimentos da minha vida. Passei parte do sábado a passar as minhas antigas cassetes VHS para formato DVD. As casssetes remontam a 1988, repletas de “telediscos” de então e os mais variadíssimos programas de televisão. Foi estranho estar a rever gravações de há tanto tempo. Como eu me lembro daquelas alturas em que no 2º canal - tempos em que só existiam dois canais - passava uma coisa com o nome de “Music Box” e o “Countdown”. Que saudosismo desses tempos, em que faltava, por vezes, às aulas da tarde para assistir aquilo que de mais moderno se ouvia em termos musicais, ao contrário de hoje, com responsabilidades e com desencantos na vida.
Por falar em desencantos… tive uma valente discussão com a minha cara metade. Ainda estou para perceber o porquê daquela mudança de comportamento… aliás, sei… conheceu alguém que lhe deu volta ao miolo. Nunca estive tão seguro disso como agora, e ele confirmou-o… “alguém mais carinhoso” que eu – nos últimos tempos acusava-me de ser frio – alguém que não tem doutoramentos para dedicar o tempo, alguém, certamente muito melhor que eu. Há umas semanas teve um jantar de serviço, de “gente muito hetero” segundo ele, mas não sei como foram as coisas, que acabaram todos no Finalmente…estranho, não?! Para gente homofóbica e a frequentarem o Finalmente é no mínimo suspeito… desde essa noite que veio diferente. Mais preocupado com a barriga, mais preocupado com os pelos no nariz, quando em tempos me acusava – por ter essas preocupações – que eram coisas de bicha frustrada e insatisfeita… no que se transformou…
Já tivemos alguns baixos, mas depois daquilo que ouvi na outra noite não sei se estarei disponível, mais uma vez, para me submeter a arrependimentos. Já foram muitas as vezes que saiu disparado de casa a meio da noite, mas desta vez acho que foi de vez.
Pela primeira vez estou triste, mas tento me manter racional para a realidade das relações entre gays – enquanto dura, vida doçura – que podem durar, mas os laços – prefiro a expressão inglesa de bonds, por achar que é uma expressão mais forte – são sempre corruptíveis, mais tarde ou mais cedo. Acredito que a ida ao Finalmente lhe tenha despertado o frenesim do engate, alguém que terá correspondido e que ele terá pensado que afinal ainda pode dar umas voltas por aí… Um amigo do passado uma vez disse-me “A noite é muito boa para acabar ralações!..." e dou-lhe razão…
Vamos ver… já passaram dois dias que não nos falamos, olho para o telefone na esperança de ter alguma mensagem ou alguma chamada não atendida… sei que hoje anda pela Feira da Golegã, nunca perdíamos uma. Hoje, foi com outro alguém que não eu…
Não sei se vou continuar disponível para amar… (parece-me nome de filme…)
Foi bom num entanto rever os baús das memórias, foi bom rever e ouvir os Climie Fisher, os Milli Vanili, Holly Johnson, Frankie Goes to Hollywoond, Kim Wild, Brother Beyond, Jody Watley, Transvision Vamp, Then Jerico e outras caramelices que faziam as delicias dos meus ouvidos de há vinte anos atrás…

Vamos ver o que daqui por vinte anos vou eu recordar.

11 comentários:

Will disse...

Também associo a feira da golegã a pessoas especiais... este ano optei por não ir lá. Simplesmente não fazia sentido.

João Roque disse...

Quando te oiço dizer que passaste o fim de semana a passar cassetes VHI para DVD, só de pensar que tenho mais de 2000 gravadas e nalgumas os mais importantes filmes da minha vida (que são muitos), até me arrepio...
Quanto à tua vida pessoal, eu sei lá, ela dá, a nossa vida, tantas voltas que tudo poderá acontecer; o que é necessário é que haja respeito e, acima se tudi, dignidade, mesmo na hora de um rompimento...
Abraço.

Oz disse...

Fazia algum tempo que não passava aqui.
Também tenho resmas de cassettes VHS metidas em caixotes à espera do dia em que eu me resolva a tomar uma atitude: desfazer-me do que ficou irremediavelmente para trás e não faz mais sentido hoje, ou recuperar fragmentos que contam parte da minha história? Esse momento chegará, inevitavelmente, talvez como tu, num dia de mudança.

Aequillibrium disse...

Cada relação é única, tal como a forma como começa, evolui e acaba...
Não sou ninguém para dar conselhos, por isso, uma abraço.

Anónimo disse...

Não vou dizer nada do que já te terão dito apenas que ... i know how it is...

Quanto às cassetes eu preservo o meu video que está colocado logo abaixo do DVD, assim tem mais piada :D

abraço grande

Tongzhi disse...

Por vezes fecha-se uma porta... mas abre-se uma janela...

Maurice disse...

Já tinha tentado comentar, mas não sei porquê, dava-me sempre erro. Com isto tudo, venho atrasado e a más horas... Por isso, poupo na conversa. Ânimo!!!

Abraço

Anónimo disse...

Força!
Um abraço!
:)

dcg disse...

Concordo contigo numa coisa. As relações gay parecem-me muitos voláteis. São pouco os casos que conheço que me fazem pensar o contrário...
Belo texto, muito pessoal, muito bem escrito, como sempre.

dcg disse...

E realmente confirmo... Doutoramento
dá trabalho...

Kapitão Kaus disse...

Fiquei tocado com as tuas palavras. E incomodado.
Porque razão não hão-de as relações durar?

Só posso aconselhar compreensão, respeito e diálogo. Se a tua cara-metade não te liga, liga-lhe tu. Não desperdicem uma relação que leva muito tempo a construir!
Perdoar é humano.

Abraço e força!