terça-feira, março 20, 2007

Normal...a-Normal...



Depois de ter lido em algures pela blogosfera que não “existe normalidade mas sim um padrão de regularidade” levou-me a pensar sobre o assunto e depois de ontem ter visto o Fur com a Nicole Kidman acho que fiquei mais confuso ainda… O que será o normal? Será aquilo que se está habituado a ver? E tudo o que fôr fora desse padrão deixa de o ser?...
Este filme, Fur- Um retrato imaginável de Diane Airbus é o expoente actual da convivência com a anormalidade. Não conhecia a fotografa, conhecia alguns trabalhos dela, mas longe de mim pensar as teias de relacionamento que conduzem a uma estranha forma de arte. È um retrato imaginável mas que se cruza, certamente, com aspectos reais da sua vida. Mas paira a duvida: o que foi real e o que é ficcionado? Gera, igualmente a duvida: o que é normal e o que é anormal? Normal é o que está dentro da norma…e o anormal, certamente, será o que está fora da norma…mas será que a vida é tão linear assim? Será que existe um véu que separa o normal do anormal? Ou será uma muralha da China?...eu sou normal…eu acho…alias, tenho a certeza. Mas será que serei normal face às regras e padrões de uma sociedade homofóbica, por exemplo?
Diane Airbus, mulher proveniente de uma aristocracia norte americana, casada, a exemplar esposa submissa do marido que vem a descobrir um submundo de marginais, de estranhos, de aberrações, de tudo o que não é normal. Apaixona-se por um “anormal” e os dois desenvolvem uma estranha poesia de amor. Dois mundos opostos tocam-se eliminando a barreira da normalidade…lindo!
– certamente é um filme que não irá agradar a todos, pela sua anormalidade…..
Mas o que será a normalidade? E será que existem vários tipos de normalidade? Por exemplo: A Normalidade convencional, que segundo alguns os autores, é a normalidade a priori, pré-determinada, fixa, estabelecida e concertada. É a normalidade "decretada” pelas leis, pelos costumes, pela ética ou por quem disponha de poder para decretar normalidades. Os limites da normalidade convencional são variáveis, segundo sociedades, culturas ou épocas… na Grécia antiga existiam hábitos normais que nos dias de hoje são altamente condenáveis…poratnto, deixou de ser normal!
E depois há a Normalidade estatística, que é sem dúvida a mais cómoda. Desde que se atinja o 66 % de uma população, já se considera a normalidade.
Ao sujeito as normas proporcionam protecção, segurança e acolhimento, e à sociedade estrutura enquadramento, limites, linhas de orientação para o comportamento, postura e valores. Tanto o comportamento próprio como o dos outros encontram-se regulamentados previamente estabelecidos, sendo portanto calculáveis, avaliáveis e previsíveis.
Mas atenção, as normas da normalidade também têm a sua utilidade, permitem poupar esforços de adaptação em cada nova situação.
Portanto, onde começará a anormalidade?

do filme Freaks (1932)

...trabalho com muitos normais que são verdadeiros anormais…dá para entender?!?

8 comentários:

Oz disse...

Dá perfeitamente para entender. Independentemente da fase que estou a viver, e que se poderá prestar mais a pensar no que é normal ou não, o facto é que sempre tive para mim que não podemos ser escravos de um padrão. Compreendo, claro, que exista uma norma, um fio condutor, mas apenas os aceito como uma referência, nunca como uma imposição. É por isso que digo: que grande chatice seria se ninguém gostasse do amarelo. lol
Abraço (já agradeci a visita no meu blogue)

Aequillibrium disse...

Por vezes digo que ser normal é ser vulgar, ordinário. Mas há muitos momentos em que é bastante mais fácil ser "normal".
No entanto, não gosto da expressão. A natureza humana tem destas coisas. Gosta de organizar,esquematizar, agrupar, padronizar. Contrariamente a isto, cada um gosta de afirmar e conquistar a sua individualidade, a sua capacidade de sair da norma, uns mais que outros é certo, mas até certo ponto é normal não querer ser completamente normal.

(espero não ter sido confuso, o tico e o teco ainda mal acordaram... LOL AbRAÇÂO!)

Gus disse...

Penso que ser si-mesmo, manifestar a sua essência, mesmo que contrarie o que o outro pensa, mas respeitando-o, é ser normal.

Anónimo disse...

Creio que todos concordam que o conceito de normalidade é muito relativo, por isso estabeleço para mim a definição de ser normal como aquele que independente do seu formato não faça mal a outro ser humano! Por exemplo:
hittler = anormal
prostituta = normal

Anónimo disse...

Pessoalmente, odeio tudo e todos que fazem da normalidade lema de vida! Parecem-se ou tornam-se fotocópias a cores...iguais a tudo e todos!
O que tem a sua anormalidade qb é mais interessante...dá mais prazer de conhecer....
Abraço!
:)

Pedro Eleutério disse...

O que é normal varia de cultura para cultura e de época para época. Mas o que é normal não tem de ser necessariamente o melhor, assim como o que é anormal não tem de ser o pior. Na definição de normal/anormal não devem estar presentes adjectivos como bom ou mau. Se olharmos pela perspectiva normal = igual e anormal = diferente percebemos que não há mal em ser anormal, nem tem de ser valorizado o ser diferente. É-se o que é! Em algumas coisas seremos iguais à maioria noutras seremos diferentes da maioria. Mas existirão sempre maiorias e minorias. A verdadeira questão encontra-se na forma como usamos a Palavra no nosso dia-a-dia, se normalmente ou anormalmente.

Abraço Pedro

TD disse...

normal depende do conjunto em que te insiras...e depois ainda depende se mostras os teus defeitos ou nao..

Isabel Victor disse...

Gostei desta reflexão.

Fiquei presa ao texto e ás inquitações ...

Gostei.

abraço