sábado, outubro 21, 2006

Direitos iguais…há uns mais iguais que outros…


Tendo em consideração o post anterior e os respectivos comments, que de alguma forma me surpreenderam, prossigo com o mote das manifestações…
Se recordarmos há muito, muito tempo…e que na realidade não foi assim há tanto tempo, tendo em consideração a história universal do Homem, foi como se fosse ontem! A manifestação das mulheres pelo direito ao voto, ou seja pela igualdade de direitos. A Nova Zelândia foi o primeiro país do mundo a conceder o direito ao voto às mulheres no ano de 1893. Em Portugal em 1931 só é permitido à mulher votar, desde que esta fosse diplomada pelo ensino superiror ou secundário.

Já nos nossos tempos, se pegarmos na questão da igualdade de direitos e no artigo 13 (Princípio da igualdade) da Constituição da República Portuguesa VII Revisão Constitucional (2005), diz-nos que:
1. Todos os cidadãos têm a mesma dignidade social e são iguais perante a lei.
2. Ninguém pode ser privilegiado, beneficiado, prejudicado, privado de qualquer direito ou isento de qualquer dever em razão de ascendência, sexo, raça, língua, território de origem, religião, convicções políticas ou ideológicas, instrução, situação económica, condição social ou orientação sexual.

A minha questão é a seguinte: será que são da mesma natureza as prides gay e as manifestações das sufragistas do século passado? Será que reivindicam as duas à igualdade de direitos?
A mim parece-me – e podem crucificar-me se discordam comigo - que as prides gay visam marcar a diferença pelo ser diferente, recorrendo sempre ao estereotipo do gay efeminado e de muitas Priscilas.
Se ser-se gay é isso, então eu não sou gay!

17 comentários:

AEnima disse...

Ora ai esta muito bem dito. (e acho que ate ja respondi a este post com o meu ultimo comentario ao post anterior)

Pedro Eleutério disse...

Os gays, assim como os hetero, não podem ser todos metidos dentro de uma caixinha e serem rotuládos como frágeis (mantenha este lado virado para cima). O que dirá um heterossexual quando vê outro a bater numa mulher e nos filhos: "Se ser hetero é aquilo então eu não quero ser!".
Ser homossexual não é mais do que a atracção por alguém do mesmo sexo. Como tu vives a vida, se usas salto alto e gritas pela rua, isso é só teu e está dissociado de ser homossexual. Todos deviamos ter, digo deviamos pois sabemos que não temos, direito à igualdade e à individualidade.
Eu tmbém não gosto de muitas coisas. Mas não gostar está bastante longe de discriminar. É claro que seria mais fácil se todos aqueles ditos os "gays normais" (<-- como eu odeio estas catalogações) saíssem à rua na gay pride e todos pudessem ver ali um grupo de pessoas que se cruzam diariamente nas nossas vidas, com trabalhos sérios, vidas organizadas, muitos deles pessoas de sucesso nos seus trabalhos, campeões desportivos, etc... Era mais fácil para os outros "entenderem" que somos "iguais a eles". Mas aí não estariamos nós a descriminar a vontade daqueles, que por gosto pessoal, gostam da extravagância? É uma questão muito complicada e que envolve muitas coisas. Mas essas pessoas vão sempre existir. E porque não caminharmos ao lado delas por uma igualdade global?
Esta é uma questão largamente debatida em qualquer grupo onde existam homossexuais. Eu fico magoado quando a minha melhor amiga me diz: Porque é que os outros gays não podem ser como tu? "Normais"?
E nessa altura só me apetece responder-lhe e porque é que tu não podes ser igual àquela tua amiga que vai para a cama com todos e faz escandalos por onde quer que passa? Cada um deve ter direito à escolha do modo como vive a vida. Se queres encontrar o amor da tua vida, ou ir para a cama com todos os que frequentam a discoteca, se queres usar fato e gravata ou saia travada isso é contigo e ninguém te devia privar disso. Se à custa disso vemos os nossos direitos a andar para trás, só temos de ser fortes, aguentar e, principalmente, não sermos os primeiros a discriminar.
Ainda tenho alguns pensamentos perdidos na minha cabeça, mas acho que já me alonguei de mais,

um abraço,
Pedro

Pedro Eleutério disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Luís disse...

Este post parece-me, de facto, pertinente. Na verdade, se atentarmos nas paradas e desfiles que preenchem as avenidas das grandes cidades por esse globo fora nos dias de "orgulho pride" vemos que não têm nada a ver com as que enchiam as ruas de Londres, por exemplo, no início do século. Como tu alertas, e bem, a principal preocupação que essas paradas transpiram é de manifestar um orgulho exacrebado em ser diferente. O que nos leva a concluir que lá terão a sua utilidade para quem ache que tem direito de gritar a sua diferença. Mas não me venham intitular essas paradas de "manifestações a favor da igualdade". Seria o mesmo que comparar o sacrifício de descer a Avenida da Liberdade num par de sapatos altos e apertados com o sacrifício de Emily Davidson, que se atirou para frente do cavalo do Rei de Inglaterra no Derby de 1913, para chamar a atenção da classe política para os sacrifícios que estavam dispostas a fazer em prol de um sufrágio verdadeiramente universal.

/me disse...

Confesso que nunca fui a uma parada gay. Mas pelo que me contaram e por imagens de vídeo que vi (por exemplo no post de 13 de Julho aqui: http://segredospartilhados.blogspot.com/2006_07_01_segredospartilhados_archive.html), nem todas as paradas são um "espectáculo" de plumas e beijos descarados. Claro que é a imagem que passa. Mas a televisão, quando vai a Fátima, também nunca mostra pessoas mais novas; escolhem sempre entrevistar velhas desdentadas e já sem juizo... Mesmo que por lá passem muitas outras pessoas...

Portanto, o estereotipo do gay efeminado (vejam o vídeo nesse blog) nem sempre corresponde à realidade dessas paradas. Nem sempre são um carnaval.

Gostava de colocar várias questões:

1- há motivos para que os homossexuais protestem?

2- os protestos que há, são úteis ou contraproducentes?

As minhas respostas:
1- sim!
2- não sei.

Eu também acho que existe alguma confusão entre sexualidade e espectacularidade. Ou seja, não tem nada a ver a homossexualidade com o querer dar nas vistas (embora entenda este segundo aspecto como "resposta" inconsciente de muitos à homofobia). Mas gostava de perguntar:

3- qual o mal objectivo de um homem ser efeminado ou dar nas vistas? Em que é que tem que nos incomodar?

Manuel, tu dizes "se ser-se gay é isso, então eu não sou gay". Mas o facto é que existem pessoas que são em simultâneo gays e são assim. E são essas pessoas que lutam pelos direitos pelos quais todos nós devíamos lutar.

/me disse...

Só para acrescentar que concordo a 100% com o Pedro Eleutério.

Manuel disse...

Relativamente ao efeminado...
Uma coisa são trejeitos congénitos e naturais que determinados sujeitos têm, outra coisa é o culto desses mesmos trejeitos.
Também eu já fui frequentador assiduo de guetos gay e sei que "naturalmente" esses trejeitos são cultivados e são levados a extremos neste tipo de ambiente social.
Quantos homenzinhos eu conheci - dito normais - que passado algum tempo ficaram completamente irreconheciveis quer no andar, quer na gesticulação, quer na entoação das palavras. E não eram assim...de facto foi o contacto, a necessidade de ser aceite no grupo, o sentimento de pertença que os levam a assumir estes comportamentos.
Continuo na minha: em determinados meios faz-se o culto da bicha-bicha, perpetuando assim o estereotipo gay.

/me disse...

Concordo contigo, Manuel. E não vou dizer que não me incomoda. Mas

1- nem todos os que vão a paradas gay correspondem a esse estereotipo - de novo, remeto para o vídeo;

2- considero que essa "aprendizagem" dos maneirismos advém exactamente da necessidade de muitos de constituirem guetos. Se fossem aceites pela sociedade, não teria essa necessidade;

3- continuo a achar que existe justificação mais que suficiente para que os homossexuais se manifestem. E se fossem apenas os homossexuais "estereotipados" que se manifestassem (mais uma vez remeto para o vídeo), isso diz-me que esses são os que fazem mais pelos seus direitos.

Manuel disse...

/me:
não consigo encontrar o video, diz em que mês foi postado

Abraço

Manuel disse...

Já encontrei o video...
ora bem...quando inicialmente falei aqui em prides gay referia-me ao género masculino. Após observação do video podemos observar, sem quaisquer duvidas, uma manifestação caracterizada pela sobriedade e parcimónia. Mas há aqui um pequeno pormenor que não escapa até ao observador mais desatento: é uma manifestação de 99% de lésbicas...que seja 90%!
As lésbicas ao longo da historia da sociedade sempre foram mais discretas, passando sempre muito despercebidas - alíás a mulher pode fingir um orgasmo e um homem não consegue fingir uma erecção...mas voltando ao video...
Esta manifestação não tem ponta que se pegue comparando com os carnavais que assitimos. Lá está! Se reparares, nos primeiros minutos, existe um casal de bichas que quando lhe aparece uma camera á frente a primeira coisa que fazem é um beijo na boca. Isso é para quê?!? Comportamneto puro exibicionista.
As lésbicas neste video conseguem transmitir seriedade de comportamento ao passo que as bichas nem por isso: è tudo uma festa, tudo é pretexto para se vestirem de mulher e pôr uma cabeleira.

/me disse...

Pois.

Já agora, eu concordo contigo em como esse exibicionismo acaba por apenas reforçar os preconceitos.

Mas olha que nessa manifestação também havia homens bem serenos.

Eu não vi as imagens que passaram (se passaram) na TV sobre essa parada, mas quase aposto que se passaram algumas, foi uma cena tipo esses beijos exibicionistas. Enfim.

/me disse...

(ah, já agora, obrigado pelo trabalho a que te deste de ver o vídeo ;) )

Manuel disse...

/me:
Não deu trabalho nenhum...mas para comentar teria mesmo que o ver. Obrigado por partilhares informação.
Um abraço.

AEnima disse...

Ja agora... eu tambem queria por uma questao:

/me:

- Porque eh que es do contra, so por ser do contra???

Eh que nao eh preciso manifestares-te assim so para que te deiam ouvidos (fizeste o mesmo no meu blog). Calma homem. Isso eh inseguranca ou que?

/me disse...

Aenima,

eu fundamentei as minhas posições, portanto não sou do contra por ser do contra. É que sou como tu, não calo a minha consciência, e defendo aquilo em que acredito.

/me disse...

E a tua pergunta tem tanto sentido como eu perguntar-te porque é que és a favor, só por ser a favor.

Anónimo disse...

Obrigado por Blog intiresny