sábado, dezembro 02, 2006

...tudo por causa do Protocolo...

Perdido entre livros e bibliotecas na procura de objectivar e concretizar uma investigação meramente académica e despropositada, são obrigações a que não me posso dar ao luxo de negar. Somado a esta azáfama, a aproximação de um evento em que sou obrigado a ter um papel de algum relevo, leva-me a estudar uma coisa que eu pensava que já estava muito longe de nós…portugueses…O Protocolo…
No Dicionário da Língua Portuguesa encontramos como definição o “
registo dos actos públicos na Idade Média; registo das audiências nos tribunais; formulário que regula os actos públicos; convenção internacional; registo de uma conferência ou deliberação diplomática; cerimonial, formalidades a observar nas recepções de soberanos, nas questões diplomáticas, etc.; etiqueta”. O que mais me suscitou na definição foi a referência à Idade Média…vivendo nós em tempos de modernidade ainda recorremos a modos de funcionamento arcaicos, mas que com eles vem o “politicamente correcto”. Nada em como estar numa instituição com ligações politicas, religiosas e com interesses estratégicos para ter que fazer cumprir um protocolo que me consome horas e neurónios, para que ninguém venha a sofrer consequências por não se fazer cumprir todas as regras de bem representar e apresentar…
Lá vou eu ter que usar gravata, lá vou eu ter que cumprimentar gente snob, asquerosa e pretensiosa…mas que infelizmente tem poder decisório. O que me vale do protocolo é que não há beijos para ninguém…Graças a Deus! Lá teria que beijar caras mal lavadas com um centímetro de maquilhagem em cima, perfumadas com um leve e suave aroma a naftalina.
Nada como uma feira de vaidades em que todos querem ter protagonismo, mesmo que para isso não tenham feito a ponta de um corno…mas cá estão os assistentes, que como eficientes que são, têm capacidade de resposta para quase tudo, mesmo que para isso deixem a sua vida pessoal de lado, em prol dos interesses dos seus soberanos.
Isto tudo para justificar a minha ausência, aqui, na minha casa.
Um abraço a todos que aqui vieram e não me encontraram.

8 comentários:

Momentos disse...

Usar gravata é o menos. Pior é fazer aquilo que não se quer...

Anónimo disse...

Por razões profissionais já assisti a cada falha de protocolo no mínimo hilariante! É omelhor de tudo!

Pedro Eleutério disse...

Já sentia a falta de ler-te, das tuas indignações... mas compreendo-te perfeitamente. O Protocolo será a eterna fachada reconhecida por todos mas mesmo assim usado. Contudo, protocolos definem povos, definem filosofias. Agora é uma questão de olhar e tentar perceber como nos definimos, como queremos que nos definam. Os eternos códigos.

Um abraço
Pedro

AEnima disse...

O titulo so me lembra Kyoto... o que me angustia bem mais que o tema que propuseste... Beijito!

Anónimo disse...

Life is a theatre... Perdemos tanto tempo a mostrar e a ver o exterior que muitos descuram o mais importante. nós mesmos. Não é o nome que faz a pessoa, é a pessoa que faz o nome. Gravatas? aos milhares. quem a coloca por fazer parte de si? e quem a coloca por estar na moda, ou quem na verdade está-se nas tintas..Phaos.

Aequillibrium disse...

Manuel, em jeito de resposta sem o ser: Enquanto existirem países em que existe legislação que criminaliza comportamentos homossexuais (independentemente de serem bichas tontas ou não), SIM, existe discriminação.
;)

Anónimo disse...

Uso este post, o último publicado, apenas para te dizer que "encontrei" hoje este teu blog.
Percorri-o razoàvelmente bem, para gostar dele.
Vou ser acompanhante, e quando achar oportuno, direi das minhas opiniões.
um abraço.

Manuel disse...

Hugo em jeito de resposta sem o ser ;)
a) podias ter respondido no teu post que religiosamente vou lendo...
b) no final do meu comentário faço uma pequena referencia e passo a citar-me "Estou a assumir a personagem que mais me fascina: a de Agent provocateur..." - na minha formação, aprendi a testar os limites dos outros, ou seja, sujeito+estimulo=comportamento, comportamento do sujeito X é diferente do sujeito Y. E depois passamos à análise das variáveis...essas sim são muitas...
Desculpa, mas foi mesmo provocatório da minha parte. Reconheço a discriminação mesmo aquela que é mais subtil. Gosto da provocação e gosto da reacção. Gosto da reacção porque me permite conhecer pessoas, os seus ideiais e aquilo que defendem e como se posicionam.
Os meus posts por vezes são banais, outras vezes provocatórios...se tivesses lido outros posts do blog terias percebido isso. Também nos coments dos teus posts é notória uma certa provocação da minha parte, mas sabes...é de-formação profissional...
Obrigado pela visita...volta sempre ;)

Pinguim:
Bem vindo à conversa!