segunda-feira, setembro 18, 2006

O primeiro dia do resto da vida deles…


Primeiro dia de matriculas do ensino superior após as listagens e colocações emitidas pelo MCES.

Parecem cada vez mais novos: são denunciados pelas suas faces ainda imberbes e pelos corpos pouco desenvolvidos. São fruto da geração Pokemon e ainda devem recordar-se da Ana Malhoa, na versão virginal, aos sábados na SIC no "Buerere".
Vêm de todo o lado, com olhares inseguros e com uma alegria não manifesta pelo receio da recepção aos caloiros. Uns vêm sozinhos outros com os pais e namorados. Vêm entrar num mundo novo, para o qual desconhecem as regras do jogo, mas sabem que são jogadores e, como todos os jogos, vão ter que usar todos os recursos para poderem ser vencedores – uns mais lícitos que outros…
Os mais velhos fazem questão de fazer a vénia aos professores e, de alguma forma, mostrar a estes seres “inferiores” a sua proximidade com o poder vigente.
Saem do edifício completamente irreconhecíveis, após a matrícula, com perfumes que afastam qualquer ser vivo das redondezas. São os novos caloiros. São tratados com um carinhoso desprezo e ao mesmo tempo referem-se a eles como se da peste bubónica se tratasse. Rituais de integração e socialização incompreensíveis para quem nunca frequentou estes meios.
Estes caloiros vêm com sonhos de vida, projectos futuros, frustrações por não terem entrado na sua primeira opção, expectativas familiares mas desconhecem o futuro incerto que os espera.
Que tenham boa sorte no jogo...que os adversãrios vão ser implacáveis.
Depressa vão recordar o seu primeiro dia do resto das suas vidas...

5 comentários:

Anónimo disse...

E são estes novos caloiros que vão encontrar um sistema de ensino em aparente transformação...Parece que algo útil e necessário está a mexer com os encostados do ensino, é um agora ou nunca na mudança de um sistema acomodado, onde professores se encostam aos anos a um ordenado conveniente com um esforço nulo ou convincente. será agora que se destinguem os bons dos maus no próprio sistema de ensino em mundança? será agora que se arrumam para fora das parteleiras aqueles a quem não se reconhece o dom ou a virtude da transmissão do conhecimento? ou continuará aparentemente tudo na mesma... apenas com uma cara nova em titulos e subtitulos?... Não sei, não sei, ... serão estes novos caloiros que irão descobrir isso neste novo percurso... uns seguirão a etapa que desenharam outros ficarão pelo caminho, ou antes atravessarão caminhos outros...Mas este momento é em si um desafio especial ao encontro do seu próprio destino escolhido...

Boa escrita manuel :) O melhor texto até aqui :) continua!

Abraço,
Nuno

Manuel disse...

Dear thinker:
A actual reforma, que te referes, que neste momento o ensino superior está a atravessar é o Tratado de Bolonha, que para além de ser uma mudança estrutural em termos de reorganização curricular envolve também mudanças no processo de ensino-aprendizagem, já se falando até numa importante mudança de paradigma educacional.
As instituições de ensino superior têm tido algumas dificuldades na reformulação dos seus planos de estudos, uma vez que na prática não existe muita orientação legislativa ou regulamentar. Uma coisa é certa: não basta apenas transformar objectivos de aprendizagem em competências – como muitas instituições assim o fizeram (puro make-up); as aulas clássicas vão dar lugar a aulas com metodologias activas, mais tempo de trabalho autónomo dos estudantes – requer que os estudantes se autonomizem na pesquisa de informação e conhecimentos; transformar a passividade dos estudantes em sujeitos proactivos, entre outras inovações uma reformulação do papel do professor. Para muitos professores esta mudança, cuja incompetência treinada de anos, vai ser muito problemática uma vez que as coisas vão deixar de estar escondidas e auditorias externas – Nacionais e Internacionais – vão dar muito que fazer a esta gente.
Portanto, ou se faz bem feito, ou então não se faz...e a porta da rua é serventia da casa para muitos professores
a) os professores não são todos iguais…há por ai gente muito boa…
b) há instituições de ensino superior, públicas, que primam pela qualidade do ensino…
E que venha o esparguete à bolonhesa…desculpa…o Tratado Bolonhês!
Um abraço

Luís disse...

Eu ainda me lembro desse primeiro dia: cheguei a casa porco, mal-cheiroso, mas tão feliz!!! Guardo com muito carinho essa e outras praxes (como a do primeiro julgamento, a primeira escala na polícia, ...)

O Lápis disse...

há tantos primeiros dias para o resto das nossas vidas :)


Os caloiros aí estão. Gosto de os ver no metro, no comboio, gosto de ver a cidade colorir-se com as suas cores, perfurmar-se com os seus aromas...quantos sonhos à solta na cidade?

:)

Anónimo disse...

Manuel, conheço essa realidade por dentro ou um pouco por fora lá dentro... Todo o percurso do Bolonha :) Podendo concordar com o que dizes há alguns pontos que não sei como serão resolvidos no facto de em Portugal existir tanta coisa que se tenta dirigir para a mudança, e.... no entanto nada muda... espermos que seja desta, que um desafio de qualidade se intreponha e as realidades seguras se tornem concretizadas com qualidade e brilho!

Um abraço